terça-feira, 16 de abril de 2019

Coluna Crítica & Autocrítica - nº 156



Por Júlio Garcia**

*100 dias - Reproduzo, abaixo, interessante e reveladora matéria assinada pelo jornalista Olímpio Cruz, no site Viomundo - https://www.viomundo.com.br -, na verdade, uma preocupante síntese jornalística que mostra como a mídia estrangeira está “enxergando” o atual 'retrato' do povo brasileiro: “com medo, decepção, preocupação com uma possível guerra contra a Venezuela” e com “a violência e o desemprego” que campeiam no país. Traz por título “Mídia Internacional fala do desastre dos cem dias do governo Bolsonaro”

-Leiam a seguir – e tirem suas conclusões: 

“Le Monde chama Bolsonaro de “Trump dos Trópicos” em editorial, fala da perda de influência dos evangélicos e traz denúncia de líderes indígenas. Imprensa alemã diz que brasileiro envergonha o país no exterior. (...) 

Atenção à ampla cobertura sobre o Brasil no jornal francês Le Monde, que aborda o governo Bolsonaro como um problema para o país. O jornal avalia que, três meses depois de ter tomado posse, “o presidente brasileiro parece não estar tomando a medida de suas responsabilidades, abordando seu eleitorado mais radical e esquecendo o resto do país, que enfrenta desafios assustadores”. O diário francês afirma que, depois de um trimestre caótico ao leme do Brasil, Bolsonaro “entra em colapso nas pesquisas”. Diz que ele “colhe o pior desempenho no início de seu mandato, em situação pior que seus inimigos de esquerda, Lula e Dilma Rousseff”. 

Ainda no Le Monde, reportagem da correspondente Claire Gatinois informa que o lobby evangélico se sente abandonado por Bolsonaro. Católico, o chefe de estado brasileiro foi eleito graças ao apoio das igrejas pentecostais, que hoje instigam o controle militar sobre o governo. 

Outra reportagem do mesmo jornal ressalta que Bolsonaro não pretende se apresentar como chefe de Estado, pronto a unir o país. 

“Confirmando sua reputação como “Trump dos Trópicos”, ele é rápido para castigar os inimigos eternos: “o socialismo, mídia ou os direitos humanos”, defendendo os criminosos à custa dos “cidadãos de bem”. 

Em outro texto, o jornal destaca que a reforma previdenciária foi prejudicada pelos excessos de Bolsonaro. Relutantemente, ele apoia a sua política de reformas das pensões, consideradas essenciais para um país cuja dívida ultrapassa os 90% do produto interno bruto. 

Por fim, a cobertura sobre o país neste que é um dos principais jornais da França trata da denúncia de líderes indígenas brasileiros, que acusam o presidente brasileiro de promover um “apocalipse” para os povos originários do país. 

Os índios apelam: “Desde a eleição de Jair Bolsonaro, vivemos o início de um apocalipse”. 

Treze representantes de povos indígenas de diferentes nações, incluindo os da Amazônia brasileira, pedem a proteção do “sagrado” da natureza e se opõem aos projetos de Bolsonaro. 

No alemão Der Standard, reportagem fala que, depois de cem dias no governo, há “medo e desilusão” no Brasil com Bolsonaro. 

O jornal reporta que o líder brasileiro, apresentado como “um populista de direita”, anunciou que queria tornar o Brasil mais seguro e criar empregos. “Em vez disso, elogia a ditadura militar e envergonha o país no exterior”. 

O texto diz que, mesmo entre seus eleitores, a euforia há muito se transformou em desilusão profunda. A prometida recuperação econômica não veio. Em vez disso, o governo, que é dominado pelos evangélicos, militares e ultraconservadores, é mencionado por incompetência, escândalos e lutas internas pelo poder. 

Também na alemã 2DF, outro texto fala que “o presidente populista de direita do Brasil” não teve um bom começo. “Seus primeiros 100 dias foram marcados por mudanças de direção e desistências”.
A Nau, órgão da mídia suíça, aponta que os cem dias de governo Bolsonaro são marcados pela violência policial e que a destruição ambiental está em ascensão. “Milhões estão desempregados e a taxa de homicídios é alta”, destaca. 

Reportagem da AP trata dos 100 dias do governo Bolsonaro, apontando que o líder brasileiro conseguiu manter animada sua “base de extrema direita”. Desde o início do seu governo, seu mandato foi marcado por “lutas internas em sua administração”, “insultos a adversários e aliados”, “elogios à ditadura brasileira de 1964-1985” e à escassez de leis aprovadas pelo Congresso. 

O extenso material com o balanço do governo é reproduzido em mais de 5 mil sites noticiosos pelo mundo, incluindo jornais influentes como o Washington Post e Miami Herald

Em despacho, Agence France Presse reporta os primeiros meses do governo Bolsonaro destacando que “o presidente de extrema direita” alcançará na quarta a marca simbólica de cem dias à frente do Brasil, mas que parece nunca ter conhecido o estado de graça normalmente desfrutado por um recém-eleito chefe de Estado. 

“O mínimo que podemos dizer é que o começo do prazo é decepcionante”, diz Thomaz Favaro, da Control Risks.” 
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**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Poeta e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 12/04/2019.

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