Por Júlio Garcia**
*100 dias - Reproduzo, abaixo, interessante e reveladora matéria
assinada pelo jornalista Olímpio Cruz, no site Viomundo -
https://www.viomundo.com.br -, na verdade, uma preocupante síntese
jornalística que mostra como a mídia estrangeira está “enxergando” o
atual 'retrato' do povo brasileiro: “com medo, decepção, preocupação com uma possível
guerra contra a Venezuela” e com “a violência e o desemprego” que
campeiam no país. Traz por título “Mídia Internacional fala do desastre
dos cem dias do governo Bolsonaro”.
-Leiam a seguir – e tirem suas
conclusões:
“Le Monde chama Bolsonaro de “Trump dos Trópicos” em
editorial, fala da perda de influência dos evangélicos e traz denúncia
de líderes indígenas. Imprensa alemã diz que brasileiro envergonha o
país no exterior. (...)
Atenção à ampla cobertura sobre o Brasil
no jornal francês Le Monde, que aborda o governo Bolsonaro como um
problema para o país. O jornal avalia que, três meses depois de ter
tomado posse, “o presidente brasileiro parece não estar tomando a medida
de suas responsabilidades, abordando seu eleitorado mais radical e
esquecendo o resto do país, que enfrenta desafios assustadores”. O
diário francês afirma que, depois de um trimestre caótico ao leme do
Brasil, Bolsonaro “entra em colapso nas pesquisas”. Diz que ele “colhe o
pior desempenho no início de seu mandato, em situação pior que seus
inimigos de esquerda, Lula e Dilma Rousseff”.
Ainda no Le Monde,
reportagem da correspondente Claire Gatinois informa que o lobby
evangélico se sente abandonado por Bolsonaro. Católico, o chefe de
estado brasileiro foi eleito graças ao apoio das igrejas pentecostais,
que hoje instigam o controle militar sobre o governo.
Outra reportagem do mesmo jornal ressalta que Bolsonaro não pretende se apresentar como chefe de Estado, pronto a unir o país.
“Confirmando
sua reputação como “Trump dos Trópicos”, ele é rápido para castigar os
inimigos eternos: “o socialismo, mídia ou os direitos humanos”,
defendendo os criminosos à custa dos “cidadãos de bem”.
Em outro
texto, o jornal destaca que a reforma previdenciária foi prejudicada
pelos excessos de Bolsonaro. Relutantemente, ele apoia a sua política de
reformas das pensões, consideradas essenciais para um país cuja dívida
ultrapassa os 90% do produto interno bruto.
Por fim, a cobertura
sobre o país neste que é um dos principais jornais da França trata da
denúncia de líderes indígenas brasileiros, que acusam o presidente
brasileiro de promover um “apocalipse” para os povos originários do
país.
Os índios apelam: “Desde a eleição de Jair Bolsonaro, vivemos o início de um apocalipse”.
Treze
representantes de povos indígenas de diferentes nações, incluindo os da
Amazônia brasileira, pedem a proteção do “sagrado” da natureza e se
opõem aos projetos de Bolsonaro.
No alemão Der Standard, reportagem fala que, depois de cem dias no governo, há “medo e desilusão” no Brasil com Bolsonaro.
O
jornal reporta que o líder brasileiro, apresentado como “um populista
de direita”, anunciou que queria tornar o Brasil mais seguro e criar
empregos. “Em vez disso, elogia a ditadura militar e envergonha o país
no exterior”.
O texto diz que, mesmo entre seus eleitores, a
euforia há muito se transformou em desilusão profunda. A prometida
recuperação econômica não veio. Em vez disso, o governo, que é dominado
pelos evangélicos, militares e ultraconservadores, é mencionado por
incompetência, escândalos e lutas internas pelo poder.
Também na
alemã 2DF, outro texto fala que “o presidente populista de direita do
Brasil” não teve um bom começo. “Seus primeiros 100 dias foram marcados
por mudanças de direção e desistências”.
A Nau, órgão da mídia
suíça, aponta que os cem dias de governo Bolsonaro são marcados pela
violência policial e que a destruição ambiental está em ascensão.
“Milhões estão desempregados e a taxa de homicídios é alta”, destaca.
Reportagem
da AP trata dos 100 dias do governo Bolsonaro, apontando que o líder
brasileiro conseguiu manter animada sua “base de extrema direita”. Desde
o início do seu governo, seu mandato foi marcado por “lutas internas em
sua administração”, “insultos a adversários e aliados”, “elogios à
ditadura brasileira de 1964-1985” e à escassez de leis aprovadas pelo
Congresso.
O extenso material com o balanço do governo é
reproduzido em mais de 5 mil sites noticiosos pelo mundo, incluindo
jornais influentes como o Washington Post e Miami Herald.
Em
despacho, Agence France Presse reporta os primeiros meses do governo
Bolsonaro destacando que “o presidente de extrema direita” alcançará na
quarta a marca simbólica de cem dias à frente do Brasil, mas que parece
nunca ter conhecido o estado de graça normalmente desfrutado por um
recém-eleito chefe de Estado.
“O mínimo que podemos dizer é que o começo do prazo é decepcionante”, diz Thomaz Favaro, da Control Risks.”
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**Júlio César Schmitt Garcia é
Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Poeta e Midioativista. Foi
um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 12/04/2019.
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