quarta-feira, 29 de junho de 2011

Olívio e Tarso

O governo Tarso e algumas gotas de governo Olívio


Em maio de 1999, o CPERS realizou uma acalorada assembleia geral no Ginásio Tesourinha. O governo Olívio contava, então, com cinco meses de vida e foi alvo de pesadas críticas, entre outras coisas, por não dar o aumento pretendido pelos professores e por não suspender o pagamento da dívida à União. Argumentava-se que se o governo suspendesse o pagamento da dívida poderia dar um aumento de 99,9% para os professores (não lembro bem se era exatamente esse o valor, mas a ideia era essa). Ali se configurou um bloco partidário dentro do PT que faria oposição “interna” ao longo de todo o governo. O grupo ligado à então deputada estadual Luciana Genro era um dos principais protagonistas desse movimento que contou com o apoio direto ou indireto (pelo silêncio) de outras importantes correntes petistas, formando uma indigesta mistura de esquerdismo e oportunismo.

Na assembleia em questão, chegou-se a apresentar uma proposta para o lançamento de uma campanha de outdoors apresentando os nomes e as fotos de Olívio Dutra, Miguel Rossetto (vice-governador) e Flávio Koutzii (chefe da Casa Civil) como “traidores”. A proposta, apoiada por boa parte da mesa, acabou sendo rejeitada pela maioria da assembleia.

A lembrança é oportuna, uma vez que, nos últimos dias, ouviram-se gritos semelhantes em função principalmente da proposta de Reforma da Previdência, apresentada pelo governo Tarso. O mesmo ocorreu, aliás, no início do primeiro governo Lula, também com a Reforma da Previdência. Acusações enfáticas de “traição” cruzaram os ares com muita rapidez. Nesta terça-feira, foi a vez de Raul Pont receber essa acusação de servidores que estavam nas galerias da Assembleia.

Hoje, ironicamente, alguns petistas e não petistas críticos do governo Tarso lembram com saudade do governo Olívio, sem lembrar, porém, que, naquele período, as acusações de “traição” também foram esgrimidas nos primeiros meses de governo. Algumas das vozes que denunciaram a “traição” naquele maio de 1999 saíram do PT, outras seguem no partido e ocupam hoje cargos de governo. Muitas dessas vozes iradas e enfáticas modulam o seu volume de acordo com as circunstâncias.

O tema do financiamento da Previdência Pública e do Estado é extremamente polêmico e costuma ser causa desse tipo de acusação. O governo Tarso está jogando uma cartada audaciosa, contando com a maioria política que construiu na Assembleia Legislativa, o que, tratando-se da história do PT no Rio Grande do Sul, é uma novidade importante. A aprovação do projeto terá um custo político sem dúvida, cuja dimensão, porém, dependerá do desempenho geral do governo em seus quatro anos. Se Tarso mantiver a Previdência Pública, se não privatizar empresas públicas, se revitalizar a democracia participativa no Estado, se conseguir recursos para fazer novos investimentos no Estado e implementar políticas sociais que beneficiem os setores mais pobres da população terá feito um bom governo.

As “gotas do governo Olívio” desejadas por alguns deveriam servir para refrescar a memória política de quem já esqueceu que aquele governo apontado, justificadamente, como uma referência para a esquerda, foi acusado de traição com cinco meses de vida, sofreu uma oposição interna dilacerante – além da externa, não menos virulenta – e que acabou derrotado numa prévia interna absurda pelo atual governador. A vida dá voltas estranhas e irônicas. Não seria nada mal que as pessoas tentassem aprender um pouco com elas. Se Lula, Olívio Dutra, Tarso Genro, Raul Pont, Miguel Rossetto e Flavio Koutzii são os “traidores” quem é que são mesmo os “heróis”??? (Marco Weissheimer)

Foto: Agência Brasil

#simRS !!!

Após 16 horas, propostas  do governo gaúcho são aprovadas integralmente

Reforma da Previdência passou por 30 votos a 21

Após 16 horas, pacote do governo é aprovado integralmente<br /><b>Crédito: </b> Fabiano do Amaral
Porto Alegre - RS - Correio do Povo - Após 16 horas de votação, os deputados da Assembleia Legislativa do Estado aprovaram nesta quarta-feira os cinco projetos que integram o pacote de sutentabilidade financeira do governo Tarso Genro. Os mais polêmico – que eleva as alíquotas de contribuição da Previdência para os servidores públicos gaúchos – foi aprovado por 30 votos a 21.

As alterações foram apresentadas pela líder do governo, Miriam Marroni (PT), em emenda que estabeleceu três mudanças nas previsões originais acerca do aumento da alíquota previdenciária. A primeira mudança se refere ao aumento da alíquota atual de 11% para 14% para todos os servidores. Inicialmente, a intenção era cobrar 16,5% somente sobre a parcela salarial que ultrapassasse o teto de R$ 3.689,66. O segundo ponto da emenda criou “redutores”, que representam desconto para evitar que o aumento da alíquota atinja os funcionários que ganham menos do que o teto.

A Assembleia também aprovou as outras duas emendas da proposta do governo estadual. A número 12 estabelece que os atuais servidores públicos ficarão sob o regime financeiro de repartição simples, enquanto os servidores admitidos após a entrada em vigor da lei entrarão sob regime financeiro de capitalização. A emenda 13 proíbe a utilização dos recursos do fundo pelo caixa do Estado para outros fins que não previdenciários, além de vedar a aplicação dos valores em instituições financeiras que não as oficiais.

Representações de servidores públicos e de outras entidades lotaram as galerias do Plenário 20 de Setembro, manifestando-se a favor ou contra os discursos dos deputados. Por inúmeras vezes ao longo da sessão, o presidente da Assembleia, Adão Villaverde (PT), precisou pedir que os presentes respeitassem a palavra dos parlamentares.

http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/?Noticia=310123

terça-feira, 28 de junho de 2011

Finanças do RS

 


Chefe da Casa Civil reuniu-se com bancadas da base de sustentação no parlamento
Governo altera projeto da Previdência

Programa Sustentabilidade Financeira do RS

Através de emenda da líder da Bancada do PT, deputada Miriam Marroni, o governo alterará, no plenário da Assembleia Legislativa, a proposta de reforma da Previdência do Estado. Ao invés de 16,5% propostos inicialmente, será criada a alíquota de 14% de contribuição previdenciária para todas as faixas de vencimento dos servidores. Entretanto, serão aplicados redutores, o que, na prática, mantém os atuais 11% para os vencimentos de até R$ 3.689,66, que é o teto da Previdência.

Acima desse valor haverá pequeno aumento de contribuição. Para os vencimentos entre R$ 3.689,66 e R$ 7.379,32, a aplicação do redutor fará com que a contribuição seja entre 11,01% e 12,50% sobre a parcela que ultrapassar o teto. E acima de R$ 7.379,32 a contribuição não terá redutores – será de 14% sobre o vencimento.

O secretário chefe da Casa Civil afirma que essa mudança “não retira em nada o espírito da proposta original do governo”. Carlos Pestana reuniu-se com as bancadas da base de sustentação no parlamento (foto) ao final da manhã desta terça-feira (27) para acertar e detalhar as modificações no projeto original. A expectativa é que a matéria seja votada e aprovada na sessão plenária desta tarde.

Vencimento (R$)    Acréscimo (R$)      Alíquota de sobre total do vencimento (%)

Até 3.689,66                 Nenhum                                                        0%
5.000,00                         39,30                                                          11,79%
7.379,32                         110,68                                                        12,50%
10.000,00                       300,00                                                        14,00%
15.000,00                       450,00                                                         14,00%
17.114,00                       513,42                                                         14,00%
24.117,00                       723,51                                                         14,00%

*Por Paulo de Tarso Riccordi, via Portal do PT/RS.

Santiaguenses desgarrados agora poderão reencontrarem-se no facebook

Boas notícias! Criado o grupo
Santiaguenses longe do Boqueirão

Este grupo é Open, o que significa que todos podem ver o grupo, seus membros e o conteúdo publicado por eles. *
O que você pode fazer no seu grupo?
Os membros podem publicar e comentar em publicações, bater papo com todos de um vez, agendar eventos do grupo, criar documenos compartilhados e
more.

*Uma oportuna e elogiável iniciativa da conterrânea Cristine Bruck.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Reunião com o Presidente da AL/RS

Na AL/RS, com o Deputado Adão Villaverde

Na última quarta-feira, mantive uma longa e proveitosa reunião com o companheiro deputado Adão Villaverde (PT/RS), presidente da Assembléia Legislativa do RS. A conversa deu-se na sala da Presidência (foto abaixo) e contou ainda com a participação do chefe de Gabinete, companheiro Álvaro 'Cabeça' Corrêa e com o assessor especial Gladimiro Machado. O central da reunião foi sobre a conjuntura política estadual, as ações e projetos do nosso governo e, em particular, ações  e investimentos relacionados aos municípios de Canoas, Santiago e região do Vale do Jaguari.

O Presidente Villaverde  revelou-me também que pretende dar continuidade ao exitoso projeto dos 'Grandes Debates' que tem marcado sua gestão à frente da AL/RS. No próximo dia 1º de julho a convidada é a ministra do Desenvolvimento Social Tereza Campello, que realiza Conferência sobre o programa do Governo Federal 'Brasil sem Miséria'. Villaverde  informou-me ainda que está buscando organizar  um debate entre os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso. Se conseguir viabilizar o debate (que depende das agendas e da disposição dos mesmos), será, sem dúvida, um dos grandes lances que marcará  sua bem sucedida gestão à testa da  Presidência do Legislativo gaúcho. (Por Júlio Garcia)


Como bom twiteiro que é, o deputado Adão Villaverde - logo após a reunião - fez o seguinte registro no seu twitter:

@adaovillaverde C/ @juliocsgarcia da sub-chefia C Civil tratando da politica d desenvolvimento regional Vale Jaguari http://yfrog.com/klpthdjj
*Pescado do Blog do Júlio Garcia   http://jcsgarcia.blogspot.com/

sábado, 25 de junho de 2011

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Hackers de verdade ...

Por que a mídia não dá destaque aos hackers de verdade ?

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                                   Jomar Silva*  escreve: 

 

Há quase dois anos, meus ouvidos se entupiram de ouvir delinquentes digitais sendo chamados de “Hackers” na mídia brasileira, e foi com a paciência bem curta que escrevi um texto que recebe comentários até hoje aqui no Trezentos. É o texto “Sou um hacker e me orgulho muito disso !”.

Estamos novamente em dias complicados, pois novamente vemos delinquentes digitais “aparecendo” na mídia, por terem “tirado do ar” e “atacado” sites de governo como “forma de protesto”… Olha que difícil fazer um protesto como o deles (aliás me pergunto aqui quantos deles viram este vídeo e decidiram “virar hackers”).
Acho engraçado ver alguém usar um ataque DDoS como “forma de protesto”, por dois motivos básicos:
1. Ataque DDoS é uma imensa covardia, possibilitada hoje em dia por redes de bots hospedados em computadores “com aquele” sistema operacional. E você não precisa assim ser um Magaiver para ter acesso a uma botnet dessas.
2. Protesto sem mostrar a cara não é protesto, é molecagem !
É bom deixar claro aqui, que o máximo que um ataque DDoS consegue fazer é tirar um site do ar… no máximo… Isso aliás me lembra aquela “forma de protesto” que faziamos nos anos 80 contra os “nossos opressores”… o bom e velho tocar a campainha e sair correndo… parece que não, mas era um DDoS também :)
O que escrevo aliás, é um protesto, e estou mostrando a cara ! Claro que nem todo mundo é homem para fazer isso, mas eu confesso que entendo… já fui adolescente com o rosto cheio de espinhas, sem vida social e com a compreensão política de uma ameba… mas eu cresci, e espero que os “hackers” da moda também cresçam um dia.
Falando em crescimento, eu realmente gostaria de ver estes garotos que estão hoje fazendo molecagem em sites do governo usarem seu talento em programação (se é que eles tem talento de verdade), e trabalharem em projetos como o Transparência Hacker.
Ali sim encontramos Hackers de verdade, utilizando seus conhecimentos em TI para fazer um protesto real, construíndo ferramentas para levar transparência às contas públicas. Com o seu talento, estão dando à toda a sociedade a capacidade de entender os relatórios disformes e desconexos publicados pelos mais diversos entes governamentais.
Ao conectar as informações dispersas de forma absolutamente intuitiva, eles de fato protestam contra aqueles que ainda acreditam que conseguem se esconder atrás das estruturas públicas. Para estes garotos e garotas eu realmente tiro o meu chapéu e não canso de elogia-los pelo seu trabalho. São Hackers de verdade, fazendo um protesto de verdade, com consciência política de verdade.
Fica aqui então o convite duplo:
1. Para a mídia dar mais publicidade aos Hackers de verdade.
2. Para que os “hackers” que andam derrubando sites por aí façam uma reflexão e se por acaso se acharem bons de verdade, para que façam um protesto construtivo e efetivo, trabalhando na Transparência Hacker… Mostrar a cara também seria uma boa, mas entendo que dá medinho…

Deixo um abraço deste Hacker de verdade, velho de guerra e que também já foi incendiário. Hoje não passa de um cansado bombeiro, e não tem medo de mostrar a cara, pois só assim se protesta de verdade !



*Via Sítio 'Trezentos' http://www.trezentos.blog.br

LENDAS do Sul



*Charge do Kayser - via  http://blogdokayser.blogspot.com/

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Plano de Sustentabilidade Financeira do Estado do RS



'O Governo está preocupado em salvar a previdência pública do Rio Grande do Sul'

Secretário garante que direitos dos professores serão mantidos com Plano de Sustentabilidade Financeira do RS


Porto Alegre/RS - Com o objetivo de tranquilizar o magistério a respeito do Plano de Sustentabilidade Financeira do Governo do Estado, o secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, garantiu nesta quarta-feira (22), em Porto Alegre, que os direitos da categoria estão assegurados e serão mantidos integralmente. "A proposta de reforma da previdência, que integra o plano, atinge apenas os altos salários e um percentual muito pequeno dos professores", afirmou Azevedo.

Ele explicou que os funcionários estaduais com vencimentos até o valor de R$ 3.689,66 continuarão pagando de contribuição para o IPE os mesmos 11% que pagam hoje. "Somente aquilo que cada um ganhar acima deste valor será taxado com 16,5%. Só quem ganha mais de R$ 3.689,66 é que terá alteração na alíquota", completou. Assim, um funcionário que ganha R$ 5 mil, por exemplo, vai pagar ao IPE R$ 52,25, além do valor atual. Quem ganha o teto salarial, de R$ 24.117,62, pagará R$ 814 a mais do que hoje. "Portanto, há uma graduação no sentido de buscar, nos altos salários, uma forma de sustentabilidade da previdência pública".

Segundo o secretário, não existe razão para qualquer servidor achar que seus direitos serão atingidos. Pelo contrário, para ele, o Plano está garantindo a continuidade desses direitos. "O Governo está preocupado em salvar a previdência pública do Rio Grande do Sul. Hoje, da forma como a previdência está estruturada, com um déficit de quase R$ 5 bilhões, que o Governo tem de cobrir todo ano, ela tornou-se insustentável. Se nenhuma medida for tomada, existe o risco da privatização mais adiante ou até mesmo a suspensão das aposentadorias integrais", alertou.

Além disso, pensando no futuro da previdência pública, o Governo do Estado está criando um fundo para os novos funcionários concursados terem a sua aposentadoria garantida. "Será um fundo administrado pelos próprios servidores, similar ao que já funciona muito bem na prefeitura de Porto Alegre, o Previmpa".

Plano de carreira

Em relação ao sistema de promoção dos professores, o secretário afirma que o plano de carreira não terá alterações. "Atualizar os critérios de avaliação não é mexer no plano de carreira, mas ampliar as oportunidades de progressão na carreira", garantiu.
Ele ressaltou os avanços já proporcionados pelo atual Governo: o reajuste de 10,91%, que baixou de 66% para 50% a diferença salarial para a integralização do piso nacional; a revogação da ordem de serviço que impedia a participação dos professores em eventos de formação no horário de expediente; os seminários de formação regionais que já mobilizaram aproximadamente 13 mil docentes; a liberação de professores para os núcleos do CPERS; além da realização de concurso público ainda neste ano.

"Já construímos um movimento de valorização dos professores e, apesar de ainda não termos um cronograma estabelecido para a integralização do piso, temos o compromisso de que, em nosso Governo, isso estará concretizado", concluiu o secretário.

Fonte: http://www.estado.rs.gov.br/ - via Blog do Júlio Garcia

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Legalidade

Legalidade: exemplo de unidade, força e foco
                     
                       Adão Villaverde*  escreve:

A Assembleia gaúcha tem origens no belicismo fixadas  no ano de 1835, às vésperas da Guerra dos Farrapos, que prolongou-se por uma década dividindo o Estado em federalistas e farrapos, chimangos e maragatos, servindo para estigmatizar nossas relações políticas como se vivêssemos um embate grenalizado permanente.

Tenho dito, desde que assumi a presidência da Assembleia, que o confronto de opiniões não representa problema; ao contrário, é saudável se soubermos tratar o conflito de modo democrático, procurando extrair das divergências conceituais ou ideológicas os consensos majoritários que considerem, acima de tudo, os benefícios para o Rio Grande e os gaúchos.  

Exemplo que evidencia  a unidade, a força e o foco das representações do povo gaúcho na construção de um objetivo comum, comemora 50 anos. Trata-se do Movimento da Legalidade, cuja importância histórica e épica nos impulsionou a decretar este 2011 como o Ano do Cinquentenário da Legalidade na Assembleia Legislativa, tal qual o governador Tarso Genro fez no âmbito do Estado.

A Legalidade, que ocorreu entre o final de agosto e o início de setembro de 1961, mostrou, de modo invulgar, para o Brasil e o mundo que um Estado pode mobilizar-se com tanta magnitude cívica e dimensão cidadã, ao ponto de alterar os rumos institucionais de uma Nação que padecia sob o risco de violentar sua Constituição, desrespeitar o Estado de direito e desprezar as conquistas democráticas.

À reação indignada do governador Leonel Brizola, diante da ameaça de um golpe militar para impedir a posse do vice-presidente João Goulart em lugar do renunciante Jânio Quadros, seguiu-se uma imediata, sólida e solidária concordância do Poder Legislativo presidido pelo deputado Hélio Carlomagno, do PSD, sigla partidária opositora do PTB do chefe do Executivo. A sinalização do apoio incondicional da Assembleia contribuiu, decisivamente, para irmanar no Movimento da Legalidade instituições como as Câmaras de Vereadores do interior e os militantes vinculados aos parlamentares de diferentes agremiações partidárias. Fortalecendo o foco de resistência que irrompia da Praça da Matriz para o resto do país, especialmente nas ondas da Cadeia de Legalidade, rede de emissoras capitaneadas pela Rádio Guaíba.

Nestes episódios, como em outras oportunidades, o Rio Grande já demonstrou que pode privilegiar um ambiente e uma ação política informadas pelos interesses comuns, sem renunciar suas diferenças de opinião, muito bem representadas por seus homens e mulheres que exercem atividade pública. 

*Adão Villaverde (foto) é Deputado Estadual (PT/RS); Presidente da Assembléia Legislativa do RS.

(Fonte: Correio do Povo)

terça-feira, 21 de junho de 2011

Latifúndio, impostos e amenidades



 
                                          Gilmar da Rosa* escreve:
 
Hoje pela manhã, estava comentando via twitter a respeito da criação de um imposto sobre grandes áreas de terra. No Uruguai, que fique claro. O Presidente Pepe Mujica implementou uma tributação singela ao latifúndio hermano, estão chamando de “Impuesto del agro” Se dará da seguinte forma: A propriedade que tiver mais de 2 mil hectares, o proprietário pagará 8 dólares por hectare; a partir de 5mil hectares pagará 12 dólares; e por áreas superiores a 10 mil hectares 16 dólares. Acreditem que mesmo a contribuição sendo modesta, foi suficiente pra mobilizar os setores da direita, agro-exportadores e conseguiu inclusive a contrariedade do Vice Presidente Danilo Astori.
 
Na condição de meio sangue, filho de mãe uruguaia e de ter vivido grande parte de minha vida no Uruguai, quero fazer algumas considerações, acerca do imposto e sobre aspectos da região norte do Uruguai.
 
Astori, Vice Presidente chegou a cair na cantilena ruralista de que este imposto ou a quebra de regras no campo inibiria “las inversiones”.
Interessante, pois este “impostinho” vai atingir uma grande parte dos latifundiários brasileiros que lá criam gado e plantam arroz. Muitos  inclusive são devedores do Banco do Brasil. Cruzaram a fronteira com suas máquinas e implementos, deram o calote aqui e lá são “grandes produtores”.
 
Pra quem não conhece a fronteira, povoados como Vichadero, Caraguatá, Pueblo Ancina, Hospital, enfim regiões dos Departamentos de Rivera, Tacuarembó e até fronteiras de Durazno, Flores e Florida, grande parte das propriedades rurais estão nas mãos de brasileiros, alguns são beneficiários de deságios em contribuições rurais e outros incntivos.
 
Ainda estão vivas nas minhas lembranças as pescarias no Rio Negro, Jaguari, Tacuarembó e Caraguatá, épocas de grandes bocudas (traíras de 6,7 kg), dourados e Jundiás, as Mojarras saltavam na beira d'água. Ficaram as lembranças e os contos. Os arrozeiros brasileiros que se instalaram nestas várzeas acabaram com a vida destes rios.
Saúdo vigorosamente este Tupamaro de grande estampa que é Pepe Mujica. Sua coragem e sua coerência, não apenas nesta luta que é sua, mas, também de todos seus companheiros da Frente Amplia.
 
Mujica faz no Uruguai o que deve ser feito aqui, prioritariamente no RS e mais especificamente na campanha e Fronteira Oeste deste torrão guasca e tartufo.
 
Apenas pra ilustrar, nestas regiões existem estâncias que suas extensões são maiores que muitos municípios da região metropolitana de Porto Alegre e de cidades do noroeste e norte do Estado.
 
Evidente que esta gente urbana e metropolitana não faz a menor idéia do que sejam 2 ou 5 mil hectares de campo. Pessoas que conhecem vaquinhas e ovelhinhas na Expointer. E acham tão meigas.
 
Sou crioulo de uma cidade (Livramento) que tem 7, 1 mil Km² de extensão, dona do maior rebanho bovino do estado, o 2º maior rebanho ovino, mais de 4 mil km de estradas vicinais. E sabem com o que isto contribui pra qualidade de vida de seus habitantes? Com nada. Absolutamente nada. O agronegócio neste e noutros municípios fronteiriços representam em média 10% do PIB.
 
A contradição com esta suposta “riqueza” é tamanha que os PIBs destas cidades são formados praticamente por comércio, serviços e repasses do governo federal.
 
Hoje pela manhã, falei tanto sobre este imposto sobre o latifúndio no twitter (me sigam @gilmardarosa), que cheguei a sugerir para os parlamentares de vários partidos que me acompanham nas redes sociais, que adotassem o novo imposto por aqui.
 
A proposta é começar a taxação em propriedades com mais de 1 mil hectares, esta pagaria uma taxa de R$ 20 pilas por hectare; a partir de 2 mil hectares R$50 p/hectare; acima de 5mil hectares pagaria R$100 pilas por hectare. Esta taxa poderia estar contemplado no ITR e como tal, ficar nos cofres dos municípios.
 
Pra começar a negociar a lei do latifúndio, se proporia que áreas de preservação, matas nativas, encostas e matas ciliares não estariam sujeitas a esta tributação.
 
Hoje quando relatava isso na rede, muitos me chamaram de anarquista, terrorista ou que estava em devaneios. Que não poderia igualar um país com o gigantismo do Brasil com países como Uruguai e Argentina, que lá as “coisas” são mais fáceis de resolver.
Discordei de todos e elenquei algumas questões que os tornam diferentes e por isso fazem possíveis estas legislações:
  • Lá é possível poque levaram a sério o esclarecimento da ditadura e dos ditadores, efetivaram seus julgamentos e punições.
  • Lá é possível pois o sistema eleitoral é baseado no voto em lista.
  • Lá é possível pois todos os temas relevantes para a sociedade, são levados a plebiscito numa clara demonstração de aprofundamento da democracia direta e participativa.
  • Lá é possível poque o General que ofendeu o presidente foi preso. Melhor, os 8 que desobedeceram também foram presos. Aqui temos bancada do coturno.
  • Lá a atividade parlamentar é controlada por eleitores e partidos. Sua atuação é condição Sine Qua Nom pra permanecer na lista.
Enfim, gostaria de ver este tipo de discussão no seio do parlamento brasileiro e gaúcho, sem revanchismo, mas, pautado nas demandas sociais e corrigindo injustiças cruéis que saltam aos olhos de qualquer observador mediano. Será que falta qualificação e empenho aos nosso parlamentares? Será que falta capacidade crítica aos eleitores e apoiadores destes parlamentares? O que realmente difere a atuação e produção legislativa dos nossos com os demais parlamentares do Mercosul e Latino América? Porque nossos parlamentares são pautados por uma mídia extremamente conservadora, que é monopólio de meia duzia de famílias e estes  aceitam?
 
São indagações, simples e reais. As respostas estão em todos e cada um dos interesses que compões este tabuleiro da vida política e partidária brasileira.
 
*Editor do Blog do Gilmar da Rosa - http://blogdogilmardarosa.blogspot.com/

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Governador gaúcho recebeu o prefeito de Santiago


Prefeito Júlio Ruivo e comitiva foram recebidos pelo governador Tarso Genro

Porto Alegre/RS - Para tratar de temas de interesse do município de Santiago,  o prefeito Júlio Ruivo (PP) esteve no Palácio Piratini,  hoje  à tarde, em reunião com o governador Tarso Genro (PT).
Acompanharam o prefeito santiaguense os deputado Chicão (PP) e Valdeci (PT) - foto acima. O chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, também participou da reunião, que teve como foco principal a liberação de recursos para a ampliação do aeroporto local.

*Com informações do sítio Nova Pauta.
-Foto: Nova Pauta

domingo, 19 de junho de 2011

'O PT santiaguense discutirá alianças sem nenhum tipo de peconceito'


Crítica & Autocrítica - nº 75                      

* O Partido dos Trabalhadores de Santiago, presidido pelo bancário e sindicalista Antônio Bueno (foto), também ex-vereador do partido, iniciou o processo de discussão visando definir a tática eleitoral que norteará sua campanha nas eleições do ano que vem. Dentre as posibilidades, o lançamento de uma candidatura própria é a mais provável. Mas também não estão descartadas alianças, 'sem nenhum tipo de exclusão ou preconceito', segundo seus dirigentes. O que norteará  essa definição será a discussão e elaboração de um projeto político que tire o município da estagnação e coloque Santiago no mesmo patamar de inclusão, democratização e desenvolvimento que outros municípios já atingiram, sintonizados com os governos do RS e do país.

*Dentre os possíveis nomes levantados pelo PT - caso o partido se defina por candidatura própria - destaca-se o do próprio Antônio Bueno (que traz na sua biografia a experiência de dois mandatos como vereador) e o da advogada e pecuarista Iara Castiel, filiada mais recentemente ao partido.
...

* Na última sexta-feira fui convidado e participei  de uma concorrida  reunião-almoço no tradicional Restaurante Copacabana, em Porto Alegre, com o ex-ministro Chefe da Casa Civil do governo Lula, companheiro José Dirceu, que veio à capital gaúcha para uma série de atividades, dentre as quais constava uma palestra/debate no Encontro Estadual de Formação Política organizado pelo PT estadual.

* Zé Dirceu foi, mais uma vez,  como sempre tem ocorrido no Rio Grande, calorosamente recebido e atentamente escutado pelos presentes. Em sua palestra, falou da conjuntura política internacional a partir da ótica brasileira, levando em conta sua experiência no governo de Lula. Ressaltou que  o Brasil adotou agora uma postura mais protagonista, tendo papel importante em um grande projeto que engloba as Américas e os países emergentes de modo geral. “O mundo não é mais como na Era Bush”, disse. Segundo ele, o mundo cada vez mais se divide em dois blocos: os países emergentes, de rápido e intenso crescimento econômico (como o próprio Brasil, a China e a Índia) e as “velhas” potências, representadas pela Europa, Japão e EUA.
“São países que querem congelar o poder dos organismos internacionais, querem enfraquecer a ONU, querem congelar as reformas no sistema financeiro internacional”, declarou Dirceu a respeito das nações identificadas com o modelo norte-americano. “Mas é um esforço que não terá futuro. Em 10 anos, as principais forças econômicas do mundo devem ser EUA, índia, China e Brasil. O mundo vai se redesenhar, e nossa política externa tem que ser capaz de representar o país nesse novo panorama, onde seremos um dos protagonistas".

* Comentou ainda o ex-presidente nacional do PT  sobre o que considera ações intervencionistas do bloco econômico que une EUA e Europa, como as recentes medidas militares envolvendo a Líbia. Segundo ele, a proteção do povo líbio é o que menos conta na lógica que motiva os bombardeios. “Estão destruindo a infraestrutura do país, apoiando um dos lados em uma guerra civil ao invés de propor um acordo que leve a novas eleições e traga paz. Espero que essa invasão seja o último suspiro desta fórmula de intervenção".
  Falando sobre o papel do Brasil no contexto internacional, falou que “deixamos de ser um país periférico e submisso. Tornamos-nos um país soberano, quase um modelo no que se refere a novas políticas sociais.  Não estamos nos aproveitando das necessidades de nossos vizinhos, e sim os incentivando a crescer também, dentro de uma lógica que envolve todos. Nossa luta é contra as hegemonias, evitando a agressão, a guerra, os bloqueios e as sanções”.
Respondendo uma questão sobre uma suposta despolitização da juventude, José Dirceu defendeu que se trata justamente do contrário. “As grandes mudanças são sempre capitaneadas pela juventude”, declarou, dizendo que há uma “luta político-ideológica” que busca convencer os jovens, via mídia, de que não há espaço para mudanças. “Querem dar a versão dos vencidos, e não a dos vencedores. Temos que combater a mídia com mídia também, senão a juventude sempre será influenciada por quem tem hegemonia”.
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* A corrente nacional do PT  Construindo um Novo Brasil - CNB (que no RS é integrada pelas tendências Unidade na Luta e Ação Democrática) promovou um importante debate na última sexta, 17/06, na sede do PT da capital. Dentre os debatedores estava o Secretário do Planejamento, Gestão e Participação Cidadã, João Motta, o companheiro Ricardinho, membro da Executiva do PT/RS e o companheiro Celsinho, presidente da CUT gaúcha. O tema do debate foi o Programa de Sustentabilidade Financeira do RS, encaminhado pelo governo gaúcho à Assembléia Legislativa. Necessário, oportuno, responsável e corajoso programa que começará a resolver a crise que se arrasta há décadas no Estado, sobretudo na Previdência,   que deverá ser apoiado pela sociedade e pela maioria dos deputados gaúchos que não querem fazer demagogia com assunto tão grave - ou dar espaços ao corporativismo atrasado promovido por certas lideranças de alguns setores sindicais que, lamentavelmente,  só 'olham para seu umbigo'.
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 * No último sábado, 11/06, o Presidente de Honra do PT gaúcho, ex-prefeito de Porto Alegre, ex-governador do RS  e ex-ministro Olívio Dutra, também fundador do PT e da CUT, festejou seus 70 anos completados no dia 10 de junho. A festa ocorreu no Clube Farrapos, em Porto Alegre, com jantar e baile. Centenas de  companheiros,  amigos  e admiradores foram levar sua homenagem ao  'Galo Missioneiro', dentre os quais  estavam  o deputado Raul Pont, o Vice Governador Beto Grill  (representando também o governador Tarso Genro, que encontrava-se viajando), o presidente do PT de Porto Alegre, vereador Adeli Sell, o senador Paulo Paim e muitos deputados, sindicalistas  e vereadores de vários partidos. (Por Júlio Garcia, especial para O Boqueirão e jornal Correio Regional)

*Foto: Nova Pauta

sábado, 18 de junho de 2011

2º BlogProg

 
Lula diz em evento de blogueiros que é preciso fazer da banda larga um direito de todos
 
Brasília/DF - Agência Brasil -  O Brasil precisa fazer da banda larga um direito de todos, disse hoje (17) o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que participou da cerimônia de abertura do 2º Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas, em Brasília. Segundo ele, o número de computadores e usuários de internet no país ainda não é satisfatório.

“Temos menos computador e gente na internet quanto deveríamos ter, mas estamos no processo de avançar. Estou convencido de que a presidenta [Dilma Rousseff] vai continuar trabalhando com mais força e mais vigor para que consigamos fazer da banda larga um direito de todos, inclusive das pessoas que não têm dinheiro para pagar”.

Para Lula, a internet deveria ser popularizada, principalmente para fins educacionais. De acordo com o ex-presidente, 55 mil escolas públicas urbanas têm computadores com banda larga, bem diferente da situação na área rural. “Estamos em falta com as escolas do campo”, afirmou.

Ovacionado pelos participantes do evento, Lula fez questão de enfatizar a importância que os blogueiros tiveram durante seu governo. “Não vou esquecer nunca o papel que vocês [blogueiros] tiveram na defesa da liberdade de expressão durante os oito anos do meu governo e nas eleições”.

Ao discursar, o ex-presidente disse ainda que os blogueiros evitaram a manipulação da sociedade durante a campanha eleitoral do ano passado. “Não me importo que critiquem o governo, mas me preocupo com as inverdades. Vocês evitaram que a sociedade brasileira fosse manipulada como há muito tempo vinha sendo”. (Por Daniella Jinkings)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Minha Casa, Minha Vida 2

Presidenta Dilma quer ampliar meta no próximo ano e construir mais 600 mil casas


Brasília/DF - Ao lançar a segunda fase do Programa Minha, Casa Minha Vida, nesta quinta-feira(16/06), no Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff propôs fazer uma revisão da meta daqui a um ano. O programa tem por objetivo financiar, até o fim do governo, 2 milhões de moradias para famílias de baixa e média renda. Dilma acredita que no próximo ano, o governo possa "ousar" e propor a construção de mais 600 mil unidades.

"Uma meta que se atinge deixa de ter validade porque se provou que se conseguiu a meta. Agora temos que buscar uma meta ainda maior. Eu quero aqui lançar um desafio. É fato que vamos fazer esses dois milhões [de moradias]. Se daqui a um ano estivermos em um ritmo adequado, mostrando nossa capacidade de fazer mais, vamos ampliar os recursos e nós vamos fazer mais 600 casas", disse a presidenta durante a cerimônia.

Dilma explicou que essa meta é possível de ser superada porque, além da Caixa Econômica Federal, que financiou as unidades da primeira fase nessa segunda edição do Minha Casa Minha Vida; o Banco do Brasil também atuará como financiador. "A caixa vai continuar e agora nós temos também o Banco do Brasil", disse a presidenta.

A segunda fase do Programa Minha Casa, Minha Vida, prevê a construção de 2 milhões de unidades habitacionais. Serão investidos R$ 125,7 bilhões entre 2011 e 2014. Desse total, R$ 72,6 bilhões são para subsídios e R$ 53,1 bilhões serão destinados a financiamentos.

A segunda etapa prevê a ampliação das faixas de renda familiar nas áreas urbana e rural para aumentar o número de beneficiários do programa, priorizando a população de baixa renda. A meta de atendimento para as que recebem até R$ 1,6 mil por mês na área urbana e até R$ 15 mil anuais na zona rural subiu de 40%, na primeira segunda fase, para 60%. Com isso, 1,2 milhão de moradias serão destinadas a essas famílias.

Dilma também disse que o governo vai estudar uma forma de financiamento especial para os chamados produtos da linha branca, eletrodomésticos, geladeiras, fogões, televisões e outros. No entanto, Dilma não disse quando o governo poderá lançar essa linha de financiamento.

"De fato esse programa enseja uma demanda sobre a linha branca. As pessoas, quando mudam para uma casa nova, querem, muitas vezes, melhorar, comprar uma geladeira, trocar a sua cama, enfim. Vamos primeiro ver o nosso desafio de mais 600 mil unidades. Vamos cumpri-lo. Depois, vamos olhar se podemos também já agregar uma linha de financiamento para a linha branca", disse Dilma.

Fonte: Agência Brasil , com o sítio do dep. fed. Henrique Fontana - PT/RS
Foto: Wilson Dias/ABr

Mídia guasca

O 15-M e a não-cobertura de ZH

Por Alexandre Haubrich

Como um reflexo de uma ampla imagem, nasceu na Espanha o 15-M, movimento da juventude espanhola que ocupou as praças do país para reivindicar melhor condições sociais e maior participação política. Dezenas de milhares de pessoas passaram quase um mês acampadas pelo país, e essa etapa do movimento foi encerrada no último domingo. O 15-M pode ser tomado como mais um reflexo do clima de revolta que começa a se instalar pelo planeta, partindo das revoluções no mundo árabe e dos recorrentes protestos e greves na Grécia – que ocorrem desde o ano passado – e começam a se espalhar pela Europa. 40% dos jovens espanhóis estão desempregados. Os direitos sociais são espremidos. É a crise.

Enquanto o mundo entra em convulsão, a população gaúcha que costuma se informar apenas pelo grupo que detém o monopólio da comunicação no Estado não fica sabendo de nada. Nesse mês quase inteiro de acampamento dos jovens espanhóis, o que o jornal Zero Hora publicou sobre o assunto foi isso o que você vê na imagem ao lado: uma matéria de página inteira (29 de maio), uma com menos de dois terço de página (21 de maio), outra de meia página (28 de maio), e duas notas (23 e 26 de maio).
Ou seja, Zero Hora não dedicou sequer uma nota durante as duas primeiras semanas de junho a um movimento que ela mesma, nas matérias e notas, mostrou ser importante (“Espanhóis inspiram os franceses e os gregos” foi, por exemplo, o título da nota do dia 26 de maio. Nem o fim dos acampamentos mereceu qualquer espaço no jornal, assim como seu início demorara seis dias para ser contemplado em menos de dois terços da página 32 no dia 21 de maio. Considere-se que o texto principal dessa matéria teve, na verdade, apenas três parágrafos. A outra parte foi dedicada a uma entrevista com um “músico gaúcho que vive em Barcelona”.
A matéria seguinte, uma semana depois (28/5), ocupando um terço da página 26, teve apenas seis parágrafos. Destes, três foram ocupados por declarações do mesmo músico entrevistado uma semana antes. O restante do terço de página é ocupado por nova entrevista com a mesma fonte. Fonte que, aliás, é entrevistada também na reportagem do dia 29, a que ocupa toda a página 22, e também traz declarações de um francês, um belga e um alemão. Não há, em toda a cobertura que Zero Hora fez do 15M, sequer uma fonte espanhola, muito menos o envio de um corresponde para a Espanha.

* Para entender o que é o 15-M e acompanhar os desdobramentos dos protestos na Espanha e no restante da Europa, uma boa dica é ler o Diário Liberdade.

**Jornalista, Editor do blog e jornal 'Jornalismo B'

terça-feira, 14 de junho de 2011

'A atual mobilização do CEPERS se dá em bases falsas'


Tarso: Mobilização do CEPERS parte de bases falsas e não tem fundamento na realidade

                     Por Marco Weissheimer*

“Os movimentos dos servidores públicos têm que ser respeitados. Mas o fato de serem respeitáveis não nos exime de dizer que são movimentos corporativos que olham para o Estado a partir da parte, ou seja, de seus interesses presumidamente imediatos. E o caso concreto, atualmente, tem um complicador que é o fato de que existe uma mobilização orientada pelo CPERS que se dá em bases falsas”. As afirmações são do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, que falou para o RS Urgente na manhã desta terça-feira, avaliando o dia estadual de paralisação convocado pelo CPERS/Sindicato e por outras entidades dos servidores públicos contra projetos encaminhados pelo Executivo à Assembleia.

Essas entidades não concordam com as alterações propostas pelo governo na previdência estadual e no sistema de pagamento das RPVs (Requisições de Pequeno Valor), e também são contra a criação de um fundo de capitalização para os novos servidores.

Tarso Genro contestou a afirmação feita pelo CPERS e por outros sindicatos de servidores, segundo a qual a intenção do governo seria privatizar a previdência e atacar direitos.

“É exatamente o contrário. Nós queremos onerar um pouco mais os altos salários para garantir a previdência pública e preservar o direito dos trabalhadores de manter suas aposentadorias integrais. A pauta do CPERS é legítima, mas não tem nenhuma fundamentação na realidade. Ela parte inclusive de uma informação falsa que está sendo passada para determinados setores e de uma visão equivocada sobre as condições de manutenção dessas conquistas originadas do Estado de Bem-Estar”.

“O que nós estamos constituindo”, prosseguiu, “são fundos públicos para manter os direitos dos trabalhadores”. “É a isso que esses setores estão se opondo. Estão tentando mobilizar os professores que constituem uma categoria que sequer será atingida pela proposta que apresentamos de aumentar um pouco contribuição”.

Na avaliação do governador, “o CPERS está fazendo uma luta economicista que é respeitável dentro da democracia, mas que, colocada num parâmetro tradicional da luta de classes, está opondo defesa de privilégios contra direitos. Quais são os privilégios? Os privilégios que têm os altos salários de não dar uma contribuição para fundos públicos e para a manutenção de direitos dos servidores quando se aposentarem.”

As razões da popularidade da Presidenta Dilma

 

Lula, Dilma e o Datafolha

                                                       
                                          Por Francisco Bicudo*

Em junho de 2003, cinco meses após a posse e ainda embalado pelo fato de finalmente a “esperança ter vencido o medo”, o então Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva tinha seu governo avaliado como “ótimo ou bom” por 42% da população, segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha (2.630 pessoas entrevistadas, em 152 cidades); 43% consideravam a primeira administração petista como “regular” e 11% diziam que o governo era “ruim ou péssimo”.

De acordo com o levantamento, a aprovação maior do governo Lula se dava entre os estudantes (49%), aposentados (47%) e funcionários públicos (46%). Ficava também acima da média nacional entre os moradores da região Sul (49%), moradores do Norte e Centro-Oeste (47%), homens (46%) , jovens com entre 16 e 24 anos (46%) e entre os com nível superior completo (45%).

Já era possível notar naquela fotografia um otimismo razoável em relação à economia – 35% acreditavam na queda da inflação; 41% vislumbravam diminuição nas taxas de desemprego; 37% estimavam que o poder de compra dos salários iria subir e 55% esperavam melhoria geral no cenário econômico do país.

Neste domingo, 12 de junho, também cinco meses depois da posse da Presidenta, o Datafolha (2.188 entrevistados) mostrou que 49% dos brasileiros avaliam como “ótimo ou bom” o governo de Dilma Rousseff (eram 47% em março); para 38%, a administração é regular e 10% dizem que é “ruim ou péssima”. Em relação às expectativas manifestadas sobre a economia, os números soam contraditórios: 51% acreditam em alta da inflação e 32% temem aumento do desemprego; no entanto, a taxa dos chamados otimistas ainda é elevadíssima, pois 42% confiam que o cenário econômico geral vai melhorar e outros 37% (somando portanto 79%) acreditam que ficará como está.

A primeira constatação que salta aos olhos é óbvia: quando considerados os mesmos períodos (cinco meses depois das posses), a aprovação de Dilma é sete pontos percentuais superior àquela conquistada por Lula (49% x 42%). Como alerta com muita pertinência Diego Calazans, que se define como um “sócio-comunicólogo em formação”, em breve diálogo que travamos pelo twitter, boa parte desse capital político dilmista ainda pode ser constituído pela memória do governo Lula, o mais bem avaliado da História, tendo passado a faixa presidencial à sucessora com mais de 80% de aprovação popular, um recorde.

No entanto, em favor de Dilma, é preciso lembrar que, em seus primeiros 150 dias, Lula nem de longe viveu as agruras e o inferno de crises enfrentadas pela Presidenta (disputas na base aliada, fogo amigo, caso Palocci, derrota na votação do Código Florestal, PMDB cada vez mais faminto). Em tese, essas dificuldades – cada uma e todas elas – tinham potencial expressivo para abalar ou reduzir sensivelmente a popularidade de Dilma, o que parece não ter acontecido (aliás, para desespero da Folha de São Paulo, que não se conteve, não conseguiu esconder a decepção e estampou em manchete: “Dilma mantém aprovação, apesar de Palocci e inflação”).

Trocando em miúdos: Lula continua a ter sua contribuição, mas parece ser cada vez mais evidente e palpável que o julgamento que a população faz é do governo Dilma – para o bem e para o mal – e seria até mesmo injusto escantear ou menosprezar a participação da Presidenta na construção desses índices de aprovação (novamente, com todos os riscos envolvidos). Já existe, penso, uma percepção bastante razoável do que é o jeito Dilma de governar.

Outro viés importante a avaliar, muito bem destacado também no twitter pelo companheiro Fabio Silvestre, jornalista e professor universitário, é a conjuntura econômica vivida pelo país. Apesar mais de boatarias que de evidências (e, nas alcovas petistas, não são poucos os que garantem que a tese foi fortemente estimulada por “companheiros” interessados no enfraquecimento do ministro Guido Mantega), a inflação, depois de ligeira variação acima da meta estipulada, já dá sinais de arrefecimento.

Enquanto outros países (a lista é imensa: Espanha, Portugal, Grécia, Irlanda, Estados Unidos, Egito...) continuam mergulhados nas consequências nefastas da crise econômica de 2008/2009, o Brasil segue firme seu rumo, até aqui em céu de brigadeiro. Em 2010, a economia brasileira cresceu 7,5% (taxa chinesa!), o que fez o país ser alçado à condição de sétima potência econômica do planeta, superando a Itália. Também em 2010, foram criados quase três milhões de novos empregos formais, outro recorde histórico.

Aqui, e novamente para tentar entender as aprovações de Lula e de Dilma com cinco meses de governos, vale a pena também comparar os cenários econômicos herdados. Lula, além de naquele momento inicial ainda lidar com a desconfiança dos mercados e das classes sociais mais baixas (em 2002, a eleição foi sustentada pelas classes médias, como defende o cientista político André Singer no artigo "Raízes sociais e ideológicas do lulismo"), recebera também um país destroçado. Nos anos FHC, o risco Brasil chegou a 2.700 pontos; o salário-mínimo era de 78 dólares; os créditos populares representavam apenas 14% do Produto Interno Bruto (PIB); em oito anos, foram criados cinco milhões de empregos; em 2002, a taxa de desemprego era de 12,2%.

Dilma assume certamente outro país: risco Brasil de 200 pontos; salário-mínimo de 210 dólares; créditos populares da ordem de 34% do PIB; 15 milhões de empregos formais gerados em oito anos, com 28 milhões de brasileiros tendo saído da linha de pobreza, e o consequente advento das chamadas novas classes médias; taxa de desemprego de 6,8% e o Brasil reconhecido no jogo das relações internacionais como um “global player”. Faz toda a diferença.

O que pretendo sugerir: depois de passar pelas mais diferentes experiências políticas e ideológicas (nacionalismo, desenvolvimentismo, ditaduras, neoliberalismo, lulismo), a população parece fazer o seguinte cálculo e análise: “disputas e crises fazem parte da política, independentemente dos partidos no poder. E quem afinal é capaz de garantir a melhoria efetiva da qualidade de vida para o conjunto da sociedade?”. No limite, como novamente lembra Fabio Silvestre, estão a consagrar o slogan democrata usado pela campanha de Bill Clinton, em 1992, quando derrotou George Bush pai: “é a economia, estúpido!”.

Sem desmerecimentos ou desqualificações, muito ao contrário: é uma avaliação legítima, com forte viés pragmático, certamente, mas ao mesmo tempo com considerável e respeitável grau de consciência política, pois considera os impactos sociais que as políticas econômicas conseguem oferecer. Ao analisar a escolha majoritária dos nordestinos por Dilma, no ano passado, a economista e socióloga Tânia Bacelar de Araújo, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), já anunciava que "aquele não era o voto da submissão, da desinformação ou da ignorância, mas o da auto-confiança recuperada, do reconhecimento do correto redirecionamento de políticas estratégicas e da esperança na consolidação de avanços alcançados - alguns ainda insipientes e outros insuficientes".

Suspeito que as oposições, lideradas pela mídia limpinha, em boa medida já compreenderam essa mensagem e devem voltar cada vez mais suas baterias de agressividade e contestações à política econômica do governo (ainda mais agora que Antonio Palocci, o queridinho dos mercados, se foi...). A tentativa de criar histeria coletiva por conta do "descontrole inflacionário" e de trazer de volta a loucura da remarcação de preços em cadeia dá um pouco do tom dessa postura, que, palpito, deverá ganhar contornos mais nítidos. Não por acaso, Dilma procurou dar respostas e escapar da crise política palocciana com o anúncio do programa "Brasil sem Miséria" - novamente, a economia que tenta alavancar desenvolvimento social.

Mais uma vez, e só para reforçar e fechar: a confortável situação econômica do Brasil, com evidentes ganhos sociais, ajuda a explicar muita coisa - incluindo a popularidade de Dilma.
*Fonte:   Blog do Chico:

domingo, 12 de junho de 2011

Caso Battisti

 
Num domingo sem notícia nova relevante (pelo menos segundo os parâmetros deste blogue), vou alongar um pouquinho o rescaldo do Caso Battisti.

Só para constatar que meu post sabatino, Se a Itália for mesmo a Haia, sairá de mãos abanando, foi duas vezes confirmado pela grande mídia.

Como vocês podem verificar, ele foi ao ar às 2h57 da madrugada, ou seja, antes dos jornalões disponibilizarem suas edições de sábado na internet  -- além de apenas condensar um artigo escrito pelo nosso bom Carlos Lungarzo cinco meses atrás.

O conhecimento que ele tem das cortes internacionais o levou a desmascarar o blefe do recurso ao Tribunal Internacional de Haia logo da primeira vez em que a Itália o colocou em circulação.

E, com meus meios, conclui que o Lungarzo estava certíssimo, então publiquei de imediato o artigo dele naquela época e voltei a citá-lo agora, sem o mínimo receio de antecipar que a Itália daria/dará com os burros n'água indo por tal caminho.

Mas, para a grande imprensa, o Lungarzo e eu não merecemos ser levados em conta num assunto de Direito Constitucional e Direito Internacional,  alegadamente  por não temos certificação nenhuma como especialistas nessas áreas, e  realmente  porque ela quer mesmo é calar ou minimizar o  outro lado  tanto quanto consiga fazer sem dar muito na vista...

[McCarthy e Nixon morreram, mas o macartismo e suas listas negras ainda não acabaram, pelo menos no Brasil.]

Nossa falta de  expertise certificada  não impede a grande mídia de ter estado sempre um ou vários passos atrás de nós ao longo de Caso Battisti. Praticamente todas as bolas que cantamos, resultaram. Quem acompanhou a nossa cobertura, soube sempre o que iria acontecer muito antes dos leitores de jornalões, revistonas e tevezonas.
 
E isto acaba de se repetir mais uma vez. (...)
 
-Leia a íntegra da postagem Clicando Aqui