Dos prognósticos que fazíamos na última postagem da série 'O Tempo não Pára' sobre as alternativas para as 'oposições' ao governo do PP de Santiago nestas eleições, um deles colocava a possibilidade de não sair o 'frentão' e, então, ocorrer a alternativa dois. Sabíamos, naquele momento, da enorme resistência do PMDB, principalmente, de concordar em abrir mão da cabeça-de-chapa oposicionista ao Executivo Municipal para alguém que não rezasse pela sua cartilha e nem se submetesse aos seus caprichos. Escrevemos então: " (...) 2- Não sai a Frente (pelo menos nesse formato mais amplo) mas o PT coliga-se com o PPL, lançando Bianchini e Bueno, enquanto o PSDB e o PMDB também lançam suas candidaturas para a chapa majoritária...". Dizíamos também: "Esse é o cenário possível que temos no momento. Mas, sabe-se, a 'política é dinâmica' e outras surpresas também não estão descartadas..."
Dito e feito. Lamentavelmente, segundo foi divulgado, a surpresa - ou nem tanto - (mas que não estava descartada) ocorreu na tarde de ontem, quando representantes de quatro partidos 'oposicionistas' (PMDB, PSDB, PDT e PTB), descumprindo acordo previamente estabelecido com o PT, PPL, PSD e PPS, resolveram alijar da disputa eleitoral justamente o nome daquele que seria o melhor, o mais preparado, o mais popular e representativo candidato que suas hostes estavam apresentando para se contrapor ao continuismo do PP, ou seja, o vereador Miguel Bianchini, do Partido Pátria Livre, o PPL. Lamentável também a postura do PDT, que deixou-se seduzir pela cantilena de sereia peemedebista. Mas, enfim...
Mas, então, a pergunta que não quer calar: como tudo aquilo que estava sendo discutido há vários meses, acordado e assinado foi, não mais que de repente, ignorado, tripudiado, jogado na 'lata do lixo' da política local?
É o próprio vereador Bianchini quem nos informa em seu blog como se deu o recuo em relação ao que já tinha sido acordado e a estranha e equivocada decisão tomada ontem pelos quatro representantes dos partidos oposicionistas que se julgam os 'donos da verdade' em Santiago: "Os partidos de oposição, não suportando mais as protelações do PMDB, decidiram escolher os candidatos da majoritária. Fui escolhido pela ampla maioria para ser o candidato a Prefeito e foi dado um prazo para o PMDB apresentar um vice para compor a chapa da oposição. Tudo registrado em ATA. Neste período afloraram sentimentos de supostos líderes do PMDB em repulsa a minha conduta quando ainda no PP. Sob alegação de manter a unidade partidária, a ATA foi rasgada e nova decisão foi tomada, à revelia dos possíveis candidatos." (...) "Depois de uma longa “lua de mel” das oposições, uma grave crise foi instaurada e ela é muito boa para que um futuro projeto para Santiago não carregue nas costas o que não deve."
Miguel Bianchini deixou também bem claro os motivos do boicote à que foi submetido. Vejam alguns dos motivos por ele elencados: "Por bater muito no PMDB defendendo a administração Chicão. Por bater muito no PSDB defendendo a sucessão do Ruivo e atacando o Governo Yeda. Por não aceitar negociações fora da mesa dos partidos da oposição, na reta final da última reunião. Por afirmar que não concorreria de companheiro de chapa de determinado político. Paguei um preço. (...) Pelo encaminhamento das negociações, comecei a ficar assustado e preocupado com uma possível dificuldade de governabilidade futura. Este tormento terminou ontem. O desfecho foi muito bom para mim e saiu muito barato, pelo menos entrei e sai com a cara limpa mais uma vez." (Blogue 'Está morto quem não Peleia').
Agora, com esse novo cenário que se descortina em Santiago (que não era o desejado, mas que, paradoxalmente, também pode trazer outros elementos de caráter positivo - ou trunfos -, uma vez que o leque de partidos agora é menor mas mais identificado política e ideologicamente), uma verdadeira Frente Popular e Democrática pode ser forjada, transforando o 'limão em limonada'. Cabe agora ao PT, PPL, PSD e outros setores que querem uma mudança real no município - à exemplo do que temos visto no Estado e no País -, de forma decidida, mas fraterna, unitária e responsável, fazerem a devida avaliação do novo quadro que se abriu e articularem-se sem mais entraves, amarras e vacilações que o agrupamento heterogêneo do extinto 'frentão' representava. E, para capitanear esse processo e concorrer ao Executivo Municipal em outubro próximo, não temos dúvidas de que dispomos de duas alternativas do melhor quilate, pois tanto o companheiro Miguel Bianchini quanto o companheiro Antônio Bueno podem representar a contento a verdadeira alternativa oposicionista que Santiago precisa e merece.
Espera-se que agora - com essa nova composição democrática-progressista com um viés predominante de esquerda (PT, PPL, PSD, PPS) que se desenha na agora chamada "3ª Via" - , avance também a construção de um verdadeiro Programa de Governo de caráter popular, democrático e participativo que, com a composição anterior do 'frentão' - mesmo vitoriosa - dificilmente seria implementado em Santiago.
Por fim, como dissemos anteriormente, não podemos perder mais tempo. Sabe-se que o partido que está no governo (PP) é um 'osso duro de roer', detém, usa e abusa da 'máquina' pública, mas não é imbatível. Pelo contrário, está sofrendo um grande processo de desgastes, passou (e passa) por 'rachas' internos e sofreu também grandes baixas em seus quadros nos últimos meses. Seu governo também não vai nada bem, deixando muito a desejar em inúmeras frentes. (Parentese: não tenho nada pessoal contra o prefeito Ruivo e demais integrantes do governo, pelo contrário; nossas diferenças residem - sobretudo - na esfera política/ideológica/administrativa). Talvez, pois, o 'cavalo oposicionista' esteja passando 'encilhado', é só uma questão de coragem e competência para, na hora e momento certo, saber 'montá-lo'.
Então, companheiros, 'ao trabalho'! Está na hora de 'fazer-se do limão, limonada'! Alternância já! Quem não pode perder - por caprichos, miopia política, rancores, teimosia ou preciosismos de alguns que se julgam 'iluminados' -, ao fim e ao cabo, é o Povo santiaguense! (por Júlio Garcia, especial para 'O Boqueirão')
(17,23 h)
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