CANÇÃO DO TAMOIO
Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que aos fracos abate,
Que aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que aos fracos abate,
Que aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.
Um dia vivemos!
O homem, que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma prêsa,
Que seja tapuia,
Condor ou tapir.
O homem, que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma prêsa,
Que seja tapuia,
Condor ou tapir.
O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves conselhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves conselhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte
Que a morte há de vir!
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte
Que a morte há de vir!
E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nascente
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fagueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.
Meus brios reveste;
Tamoio nascente
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fagueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.
Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D`imigo transidos
Por vil comoção;
E tremam d`ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.
Retumbe aos ouvidos
D`imigo transidos
Por vil comoção;
E tremam d`ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.
E a mãe nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror,
Teu nome lhe diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror,
Teu nome lhe diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!
Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do imigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do imigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz
E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado,
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão
Do raio tocado,
Partido, rojado,
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão
As armas ensaia,
Penetra na vida;
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Aos fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.
Penetra na vida;
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Aos fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.
Antônio Gonçalves Dias (1823-1864)
Quero expressar meus melhores agradecimentos, ao criador deste "Blog", por neste, podemos embebedar de sábios conhecimentos.
ResponderExcluirPrezado(a) leitor(a), ficamos muito honrados e felizes com o comentário. Gostaríamos apenas que assinasses o mesmo, para sabermos quem és. Abraço!
Excluir