Presidenta comentou áudio vazado do vice Michel Temer sobre impeachment
Presidenta Dilma Rousseff durante encontro da Educação pela Democracia | Foto: Roberto Stuckert Filho / PR / CP |
*Do Correio do Povo (Com informações da Agência Brasil)
Em discurso no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff foi dura e direta na resposta ao vazamento do áudio do vice-presidente da República Michel Temer. " Ontem ficou claro que existem dois chefes do golpe que agem de forma dissimulada. Com o suposto vazamento, não há mais dúvida sobre a farsa e traição em curso. Não sei direito quem é quem, chefe e vice-chefe deste golpe contra a democracia", disse a presidente. "Um deles é a mão não tão invisível que conduz com desvio de poder e abusos o processo de impeachment. O outro esfrega as mãos e disfarça a farsa do vazamento de um pretenso discurso de posse. Cai a máscara dos conspiradores", afirmou.
Dilma criticou a postura do vice-presidente, mas em nenhum momento o mencionou diretamente. "O chefe conspirador demonstra não ter compromissos com povo. Ele fala que pensa em manter as conquistas sociais. Vejam bem, ele pensa, como se conquistas sociais precisassem ser pensadas."
Dilma seguiu analisando o teor do discurso de Temer que vazou para a imprensa. "Como muitos brasileiros, tomei conhecimento e confesso que fiquei chocada com a desfaçatez da farsa do vazamento, que foi deliberado, premeditado. Vazando para eles mesmos, tentaram disfarçar o que era um anúncio de posse antecipada, subestimando a inteligência dos brasileiros. Vivemos tempos estranhos de golpe, farsa e traição. Usaram a farsa do vazamento para difundir a ordem unida da conspiração. Agora, conspiram abertamente, à luz do dia", afirmou.
No áudio, Michel Temer falou como se o processo de impeachment já tivesse sido aprovado pela Câmara dos Deputados. O vice-presidente disse que precisa estar preparado para enfrentar os "graves problemas que afligem" o Brasil, caso os senadores decidam a favor do afastamento de Dilma. Ele lembrou, porém, que a decisão do Senado deve ser aguardada e respeitada.
Com a voz calma, demostrando serenidade, a presidente, em ato Educação pela Democracia, no Planalto, Dilma citou, também de forma indireta as articulações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o que para ela é o segundo chefe do golpe: "Caluniam-me enquanto leiloam posições no gabinete do golpe, no governo dos sem-votos".
Dilma voltou a apontar o dedo para Michel Temer quando disse: "O chefe conspirador fala em sacríficios. Mas com que legitimidade fará isso? É uma atitude de arrogância e desprezo pelo povo, uma vez que eu estou no pleno exercício da minha função de presidenta da República."
A respeito da votação e aprovação do relatório do processo de impeachment, ocorrido na noite dessa segunda-feira, e a votação em plenário, a presidente disse que "os próximos dias vão mostrar quem honra e respeita a democracia".
Dilma voltou a falar que impeachment sem crime de responsabilidade é golpe de estado. "Impeachment sem crime de responsabilidade, sem provas contra uma presidenta legitimamente eleita, abrirá caminho para governos sem votos. E estamos aqui para denunciar um golpe, estamos juntos aqui para barrar uma tentativa de golpe contra a República e o voto popular".
Dilma destacou a legitimidade do seu mandato ao falar que foi eleita com mais de 50 milhões de votos. "O Brasil e a democracia não merecem! Estão tentando montar uma fraude para interromper um mandato que me foi concedido nos votos".
Defesa de um projeto
A presidente discursou para uma plateia formada por professores e estudantes no ato intitulado Encontro da Educação pela Democracia. Integrantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), da Confederação Nacional pelos Trabalhadores na Educação (CNTE) e do Conselho Nacional de Educação (CNE) estão entre as entidades que participaram do ato. Os ministros da Educação, Aloizio Mercadante, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, estavam presentes à cerimônia.
Nas últimas semanas, Dilma recebeu manifestações de apoio de grupos de intelectuais e artistas, mulheres, integrantes de sindicatos, de movimentos sociais e de juristas. O último encontro no Palácio do Planalto ocorreu na semana passada quando mulheres de diversos movimentos sociais discursaram em defesa do mandato da presidenta.
A presidente, durante a divulgação dos números de ações em prol da educação no país ao longo dos governos do Partido dos Trabalhadores, citou que o golpe não é apenas contra ela. "O golpe não é só contra mim. É sobretudo contra o projeto que eu represento. Essa é a característica mais evidente desse golpe."
Dilma lembrou que os governos do PT criaram 18 universidades, 422 novas escolas técnicas federais e contraram 49 mil professores. Destacou as ações do Prouni e Fies como portas de entrada de milhões de jovens à universidade.
Contra o ódio
No início de sua fala Dilma disse que o Brasil não será o país do ódio, numa referência à escalada de tensão por conta da votação do processo de impeachment que ocorrerá domingo, na Câmara dos Deputados. "E que não se construa o ódio como uma forma de se fazer politica no país. O ódio, a ameaça, a perseguição de pessoas".
Dilma alertou para o perigo de confrontos e provocações. "Os golpistas tentarão de tudo. Tentarão nos intimidar e nos tirar das ruas. Usarão todos os artifícios possíveis".
No seu encerramento, Dilma foi enfática no seu recado aos que são contrários ao impeachment. "A verdade haverá de prevalecer. O impeachment não vai passar. O golpe será derrotado".
CLIQUE AQUI para ler na íntegra - e ouvir o discurso da Presidenta Dilma.
*Fonte http://www.correiodopovo.com.br/
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