domingo, 17 de abril de 2016

Júri popular diz que mídia brasileira é golpista, corrupta, elitista e racista


Júri popular da mídia golpista foi realizado no final da tarde deste sábado, no Acampamento da Legalidade, na Praça da Matriz, em Porto Alegre. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Por Marco Weissheimer, no Sul21
Qual o papel ideal da mídia e qual é, de fato, o papel que ela representa no Brasil hoje? Essa foi uma das questões centrais que orientou o Júri Popular da Mídia Golpista, realizado no final da tarde deste sábado, no Acampamento da Legalidade, instalado há cerca de uma semana na Praça da Matriz, por movimentos sociais articulados na Frente Brasil Popular e na Frente Povo Sem Medo. Coordenado pelo jornalista Ayrton Centeno, que fez às vezes de juiz, o júri popular foi realizado ao ar livre, no meio da praça, com a presença de centenas de pessoas. Coube ao próprio Centeno apresentar o que seria o papel ideal da mídia. Para ele, esse papel seria oportunizar o acesso à informação em igualdade de condições às diferentes visões que existem na sociedade. A realidade, porém, está longe disso, apontou, citando o jornalista Mino Carta, para quem a mídia do Brasil é a pior mídia do mundo.
O júri popular abordou ainda outras questões relacionadas ao comportamento da mídia brasileira, tais como o papel que ela desempenha na atual crise política e como se comportou em outras crises políticas na história do Brasil. Afinal, essa mídia, defende ou ameaça a democracia brasileira? Centeno relatou que os organizadores do júri convidaram representantes dessa mídia para participar do evento, mas eles se recusaram a participar. “Tentamos inclusive a condução coercitiva, mas não funcionou”, ironizou o jornalista. Diante dessa recusa, um ator fez às vezes do advogado de defesa da Rede Globo. Ele fez o seu trabalho rapidamente e a sua defesa despertou vaias e gargalhadas junto ao público:
“A Rede Globo é uma empresa respeitável que informa a população de forma imparcial, com muita lisura, respeitando os fatos. Vocês dizem que a Globo apoiou o golpe em 64. Que golpe? Aquilo foi uma revolução. A mídia tem que ser livre. Afinal, não queremos virar uma nova Cuba”.
Representando a mídia alternativa, Gustavo Turck recusou o rótulo e corrigiu: “Não somos mídia alternativa, mas sim alternativa de mídia. Assim como Zero Hora não é um jornal, mas sim um panfleto que não traz informação, só ‘opinação’. Essa mídia não está ajudando o golpe, eles são o golpe”, acusou Turck.
O ex-prefeito de Porto Alegre e ex-deputado estadual Raul Pont fez um testemunho sobre o comportamento da mídia no golpe de 64 e na ditadura que se seguiu a ele. “Em 64, éramos estudantes recém egressos na universidade e começamos a formar nossa visão de mundo no enfrentamento à ditadura. A grande mídia, na época representada principalmente pela Rede Diários Associados e Organizações Globo sustentaram o golpe e usaram a ditadura para se transformar no oligopólio que são hoje”, assinalou. Pont lembrou ainda que, logo que começaram as prisões, depois do AI-5, essa mídia apresentou muitas mortes de companheiros nossos como se fossem acidentes de trânsito, atropelamentos e coisas do gênero.
“Eu não fui preso, fui sequestrado pela Operação Bandeirantes por meio de uma condução coercitiva, algo que parece ter voltado à moda: prisões sem processo e sem julgamento. A imprensa e o Judiciário foram cúmplices desta ditadura. A gente conta nos dedos os juízes e desembargadores que se levantaram contra essas práticas. Os meios de comunicação alimentaram diariamente o isolamento e a invisibilidade de nossas lutas. Eu não tenho dúvida em afirmar que essa mídia é o maior inimigo da democracia brasileira hoje. Temos diante de nós monopólios ilegais que sobrevivem graças à sustentação e à omissão do Judiciário e do Ministério Público, que não garantem o cumprimento do que está na Constituição. A minha geração acompanhou o processo de nascimento desses oligopólios e combatê-los é, hoje, uma das principais lutas do povo brasileiro”, defendeu Raul Pont. (...)
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