A nomeação de Brizola Neto e o primeiro de maio
Data simbólica do movimento dos trabalhadores em todo o mundo, o
primeiro de maio é também o momento de nomeação do neto do líder maior
do trabalhismo no Brasil, Leonel de Moura Brizola, como titular do
Ministério do Trabalho.
Carlos Daudt Brizola, ou Brizola Neto como é conhecido nos meios
políticos, nasceu em Porto Alegre, tem 33 anos, foi vereador e
secretário estadual pelo Rio de Janeiro e atualmente exerce mandato de
deputado federal pelo PDT daquele estado. Dilma Rousseff o escolheu em
uma lista composta também por outro gaúcho deputado federal, Vieira da
Cunha, e por Manuel Dias, secretário geral do PDT. Segundo os
pedetistas, foi uma escolha pessoal da presidenta.
Tendo que respeitar o acordo com o PDT e, por este motivo, nomear um
pedetista para suceder a Carlos Lupi, presidente daquele partido que foi
exonerado do cargo de ministro do Trabalho em meio a acusações de
corrupção e má gestão, Dilma optou por um nome que encontra resistência
em seu partido, mas que lhe permite deixar claro que suas escolhas se
fazem mais por questões de princípios políticos do que pelo simples
cumprimento de acertos partidários.
Se a nomeação de Brizola Neto contraria amplos setores do PDT,
principalmente o seu setor gaúcho, ela permite sinalizar, em
contrapartida, que o compromisso maior de Dilma Rousseff é com o
trabalhismo histórico e não apenas com a sigla pedetista. Rompida com o
PDT gaúcho, ao qual era filiada, desde 2001, quando este partido passou
para a oposição e o então deputado estadual Vieira da Cunha assumiu a
função de relator da CPI que tentava vincular o governo petista de
Olívio Dutra com o jogo do bicho, Dilma Rousseff optou por deixar claro
que a reconciliação com seus antigos companheiros ainda não se deu
completamente.
A decisão de nomear Carlos Daudt Brizola, neto de Leonel Brizola,
para o Ministério do Trabalho sinaliza o posicionamento de Dilma
Rousseff de manter-se fiel aos compromissos que assumiu desde sua
juventude ao lado dos trabalhadores e do desenvolvimento nacional
autônomo. Princípios que nortearam, no seu nascedouro, os dois partidos
legais aos quais Dilma Rousseff já se filiou, o PDT e o PT. Princípios
que se mantêm presentes na agenda política do país, apesar das condições
adversas da ordem econômica internacional, hegemonizada pelo capital
financeiro.
O Dia do Trabalhador nasceu como uma homenagem aos operários mortos
em Chicago em 1886, durante manifestações pela jornada diária de oito
horas de trabalho. Que a memória da trajetória de lutas travadas pelos
trabalhadores, em diferentes países, para a conquista de melhores
condições de trabalho e de vida se mantenha viva. Que Brizola Neto, como
Ministro do Trabalho, se revele digno desta tradição. (Editorial do sítio Sul21 - 30/04)
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