O candidato do PMDB, José Ivo Sartori, foi o
grande vencedor do primeiro turno das eleições ao governo do Estado do Rio
Grande do Sul. Na verdade, uma grande parte do eleitorado de Sartori
provavelmente não sabe que ele é candidato do PMDB, uma vez que o candidato passou
todo o primeiro turno dizendo: “meu partido é o Rio Grande”. Não é. José Ivo
Sartori é filiado ao PMDB. Na campanha do primeiro turno, o candidato
peemedebista também resumiu a sua trajetória política à sua passagem pela
prefeitura de Caxias do Sul. Apresentou-se, assim, como um gringo simples do
interior, o “Sartorão da massa”, ex-prefeito de Caxias e, supostamente, sem
filiação partidária nem passagens por governos além da prefeitura. Esses
ocultamentos foram – e seguem sendo – vitais para a estratégia de Sartori.
Durante os debates do primeiro turno, Sartori
chegou a se irritar com o governador Tarso Genro pelo fato deste tê-lo chamado
de “José Ivo” e “Ivo” em alguns momentos. A irritação parece ter uma
justificação que vai além de um incômodo pessoal. A mistura e ocultamento de
identidades não são um detalhe na estratégia do candidato. Além de dizer que
seu partido é o Rio Grande e apontar a prefeitura de Caxias do Sul como a
origem de sua trajetória política, Sartori também procurou pegar carona nos
protestos de junho de 2013, apresentando-se como o “candidato da mudança”. Na
verdade, Sartori e o PMDB tem tanta intimidade com os protestos de junho quanto
o deputado Luiz Carlos Heinze tem com a agenda de direitos humanos.
O sucesso de Sartori, portanto, é alimentado,
entre outras coisas, por uma série de pequenas – e não tão pequenas assim –
falsidades ideológicas e identitárias. Resumindo a série: seu partido é o Rio
Grande, foi prefeito em Caxias (“nunca fui a outros lugares”), faz política com
o coração, não é anti-ninguém e representa o desejo de mudança expresso nos
protestos de junho. É assim que Sartori se apresenta ao povo gaúcho.
Na verdade, Sartori é um antigo quadro
dirigente do PMDB gaúcho, já governou o Estado várias vezes e é responsável por
escolhas que se revelaram desastrosas para o Rio Grande do Sul, como a
renegociação da dívida realizada pelo governo Antônio Britto, as privatizações
de empresas públicas, planos de demissão voluntaria de servidores públicos e o
modelo de pegágios adotado por este mesmo governo. Sartori também esteve no
governo com Germano Rigotto e é responsável, entre outras coisas, pela gestão
de José Otávio Germano (PP) na Secretaria de Segurança Pública.
Em nenhum momento de sua propaganda
eleitoral, Sartori faz referência a esses pontos de sua biografia política.
Também esconde que apoiou o governo de Yeda Crusius que sucateou o Estado e
arrochou os servidores públicos. Em que sentido, ocultar a própria trajetória
política, suas escolhas e responsabilidades quando esteve em governos,
significa “fazer política com bom coração” ou “fazer política de um modo
diferente”?
Também não é verdade que Sartori não é
“anti-ninguém”. A sua propaganda eleitoral no primeiro turno produziu várias
peças repetindo o mais rançoso discurso “anti-PT” reproduzido pela direita
gaúcha. O candidato do PMDB buscou com isso tirar votos da Ana Amélia repetindo
o bordão “o único capaz de tirar o PT do poder”. Mas ele não é o candidato do
“bom coração”, que “não é contra ninguém”? Não vai “unificar” e “pacificar” o
Rio Grande que, supostamente, estaria em guerra? A julgar pela sua propaganda,
a vontade política dos mais de 2 milhões de eleitores de Tarso Genro tem que
ser “tirada do poder”.
Sartori é dirigente de um dos principais
partidos do Rio Grande do Sul, que já governou o Estado várias vezes e tem
responsabilidade por um conjunto de decisões políticas que foram tomadas nestes
governos. Ele tem todo o direito de adotar a estratégia que quiser na campanha
eleitoral, mas não tem o direito de ocultar a sua identidade e seu passado
político do eleitorado, apresentando-se como representante do novo e da mudança.
Não há nada mais atrasado e típico da “velha política” do que esse tipo de
falsidade identitária e ideológica.
Por Marco Weissheimer, editor do RS Urgente
Foto: Galileu Oldenburg (PMDB-RS)
http://rsurgente.wordpress.com/
Não tinha algo melhor pra postar ?
ResponderExcluirPois é, prezado anônimo sartorista .... até tinha: pensei em postar sobre o 'aecioporto' (o aeroporto que o Aécio mandou fazer com dinheiro público nas terras de seus familiares, em Minas,) mas achei que esse tema desnudando a imagem sacrossanta de Sartori 'meu partido é o pmdb', por ser aqui do RS, era mais relevante.... Olha, não costumo dar espaço para anônimos, da próxima vez tenha a coragem de assinar, senão não autorizarei o comentário.
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