A manifestação de uma dúzia de loucos furiosos, ontem ,
diante da casa do Ministro Teori Zavascki, embora sejam um retrato dos tempos
deprimentes que estamos vivendo, pode provocar, finalmente, alguma reação de
brio restante nos membros de nossa Suprema Corte.
Não porque ministros do Supremo Tribunal Federal não tenham
experimentado, por um motivo ou outro, oposição às suas decisões.
Nem porque não saibam conviver ou vão se intimidar diante
disso.
Mas porque evidencia-se mesmo para os mais cegos a que ponto
os incitadores de matilha que estão na mídia podem chegar.
Não há, até agora, uma nota nos jornais sobre o episódio,
mas há manifestações de jornalistas, como Diego Escosteguy, mal disfarçando a
incitação às manifestações de um juiz que agiu com ponderação e autoridade e só
o que fez foi chamar os autos a exame, para separar – se é que ainda é possível
– o que pertence à primeira instância daquilo que é competência exclusiva da
suprema corte brasileira.
Tão evidente que, tirando alguns ensandecidos, até seus
seguidores no twitter cuidaram de repelir.
Mesmo com o boicote da mídia à divulgação do fato, é certo
que haverá manifestações de desagravo a Teori, hoje, por parte dos demais
ministros.
E o sentimento de que as loucuras que estão sendo feitas os
vão engolfar, querendo ou não, mesmo à primeira manifestação que contrarie o
ânimo linchador da mídia e dos zumbis que ela despertou de suas até então vidas
vazias.
Isso não está acontecendo sem razão.
É o fruto de um contínuo trabalho de atiçamento, diariamente
realizado pela mídia e, muito especialmente, por seus yuppies como Escosteguy.
Que, aliás, consideram-se, eles, os juízes supremos do que é
bom, do que é honesto e do que devem ser as opiniões das pessoas, até mesmo a
dos juízes.
No julgamento dos embargos de declaração, a Veja tentou
fazer isso com o ministro Celso de Mello.
Agora, com Teori, chega-se às vias de fato.
Falta o que para chegar-se à agressão física, deles ou de
seus familiares?
Os ministros podem ter muitos defeitos, mas tolos não são.
Sabem que a “cabeça de ponte” da intolerância está instalada
ali dentro, na figura de Gilmar Mendes, que a cada dia se expressa com mais
violência e menos respeito pessoal dentro daquela Casa.
Aliás, 10% desta violência, se fossem contra ele, estaria
nas manchetes, provocando indignação. Justa, aliás, porque não deve em nenhuma
hipótese ocorrer.
Conhecem, também, o que um regime autoritário faz aos
magistrados dos quais arrancou a toga, mas não a dignidade: Evandro Lins e
Silva , Hermes Lima e Victor Nunes Leal, cassados do Supremo pelo regime
militar.
Se há brios no STF, eles despertarão hoje.
A não ser que eles queiram se bronzear na praia enquanto
seus pares são lançados à fogueira do fanatismo.
*Por Fernando Brito, Editor do Blog Tijolaço
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