sexta-feira, 4 de março de 2016

'Sucesso do meu governo foi levar ao Planalto aprendizado das ruas' (Lula)



Lula na Quadra
Lula: 'Ouvi de um catador de papelão um agradecimento por ter entrado no Palácio do Planalto uma vez na vida'

São Paulo – RBA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou o dia de hoje (4) sendo levado coercitivamente para depor na Operação Lava Jato e terminou, já depois das 22h, afirmando à militância que recebeu uma pessoal, "ao meu partido, à democracia, ao Estado de Direito", um "desrespeito a alguém que dedicou a vida este país". Dizendo-se provocado, Lula não se declarou candidato, mas voltou a dizer que só pode ser derrotado "nas ruas". E acrescentou às milhares de pessoas que acompanharam seu discurso de uma hora e 20 minutos em uma lotada quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo: "Se vocês estão precisando de alguém para animar essa tropa, o animador está aqui".
Por várias vezes o ex-presidente enfatizou a preocupação com as pessoas mais pobres durante o seu governo, o que segundo ele foi um fator de contrariedade para a elite econômica. "O sucesso do meu governo foi levar para o Palácio do Planalto o aprendizado das ruas”, disse Lula durante plenária da Frente Brasil Popular. "Aconteceu algo grave, que jamais poderia ter acontecido: eu virei o melhor presidente que o país já teve. Mas, mais importante, eu passei a ser o melhor presidente do começo do século 21 no mundo inteiro (...) Como pode naquele país considerado uma república de bananas acontecer isso?"
Ele só dedicou a parte final de seu discurso aos acontecimentos de hoje. Disse ter sido "sequestrado" em sua casa no início da manhã e lembrou que já prestou três depoimentos em Brasília, querendo dizer que não havia necessidade de uma convocação à força. "O seu Moro não precisava ter feito essa coisa chamada condução coercitiva. Foi um show de pirotecnia", disse Lula, referindo-se ao juiz Sérgio Moro. O ex-presidente voltou a negar posse do apartamento em Guarujá, no litoral sul paulista, e de um sítio em Atibaia, no interior.
"Só tem um jeito do apartamento ser meu: é alguém comprar e me dar. Eles dizem que é minha uma chácara que não é minha. Alguém vai ter de me dar a chácara também. Espero que, quando terminar esse processo, alguém me dê uma chácara e um apartamento que eu não tenho. Eles pegaram um barco de 3 mil reais e transformaram em um iate", afirmou. Referindo-se novamente a Moro e ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entre outros, Lula voltou a desafiar: "Se eles forem 1 real mais honestos do que eu, eu desisto da vida política. Eu faço política de cabeça erguida".
Lula lembrou quando tirou o país da pressão do Fundo Monetário Internacional (FMI) e levou à retomada do crescimento econômico com distribuição de renda. “Como pode um presidente fazer uma política que gerou 22 milhões de empregos?”, indagou. Também lembrou ser o presidente que mais fez universidades e escolas técnicas no país. “FHC não escreveu isso nos livros dele, pois eles acreditavam no meu fracasso”.
“Só que eles não sabiam que eu era vocês, que eu representava o sonho de milhões de pessoas acalentado durante anos”, afirmou. “Eles não tinham noção de que um presidente poderia receber hansenianos, catadores de papeis, e conceder aposentadorias”.
“Quando eu cheguei na presidência um catador de papel disse que agradecia o fato de ter entrado no Palácio do Planalto uma única vez na vida”, afirmou chorando, e aclamado pelo público. “Essas coisas mudam a história deste país, o panorama deste país”. “Aprendemos que era possível construir uma nova lógica para a sociedade brasileira. E as pessoas perceberam que o Palácio era delas. “E foi com esse comportamento que tivemos a coragem revolucionária de eleger uma mulher que durante 3,5 anos foi torturada, na época da ditadura militar”.
“Eu tenho orgulho de ser metalúrgico, mas era tratado como machista, e tive a primazia de eleger uma mulher para a presidência do país. Lula foi interrompido pelo coro do público: “No meu país, eu boto fé, porque ele é governado por mulher”.
Lula também disse que a eleição de 2014 foi a mais difícil que já houve no país. “Nunca vi uma pessoa tão agredida quanto a Dilma. Eu descobri que o preconceito contra a mulher era mais grave do que o preconceito contra mim. A elite, que a gente chama de coxinha, o preconceito deles é de tal magnitude que não conseguem aceitar. Neste país, a mulher conquistou o voto em 1927 em Mossoró. Fomos o último país a acabar com a escravidão. Mulher sempre foi tratada como objeto de cama e mesa”, disse o ex-presidente. No discurso, Lula também criticou a grande mídia. “Precisamos criar um sistema de comunicação que envolva todos nós”, afirmou. (por Helder Lima e Vitor Nuzzi, da RBA)
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