sábado, 21 de setembro de 2013

Uma justa anistia e uma cobrança sobre a cumplicidade da elite com a ditadura


Mais do que justa a anistia post mortem concedida ontem pelo Ministério da Justiça para o líder estudantil e ex-presidente da UNE Honestino Guimarães, durante cerimônia na Universidade de Brasília, onde ele estudou.
Honestino foi um dos perseguidos pela ditadura. Desapareceu em 10 de outubro de 1972, após ser preso pela sexta vez, no Rio de Janeiro. Uma atrocidade, um crime brutal cometido pelo regime militar no Brasil.
O governo enviou à família um pedido de desculpas, como ato simbólico. Os familiares abriam mão de qualquer indenização financeira.
“Hoje o Brasil pede desculpas oficiais à família de Honestino Guimarães por todas as perseguições que ele sofreu que culminaram no seu desaparecimento e isso é um gesto de reconhecimento do legítimo direito dele de resistir contra a ditadura militar, de lutar pelas liberdades, e ao mesmo tempo uma homenagem a todos os estudantes que foram perseguidos políticos”, disse o presidente da Comissão de Anistia do ministério e secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão.
Cumplicidade da elite
Os crimes cometidos pela ditadura e seus colaboradores estão longe de ser punidos. Nessa semana, por exemplo, surgiu a informação de que a USP colaborou sistematicamente com a ditadura, como mostra reportagem da CartaCapital.
O coordenador da assessoria da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, Ivan Seixas, mostrou documentos mostrando essa ajuda. Ele afirma que não era só na USP que isso acontecia, mas em todas as universidades públicas.
“Tanto é verdade que a USP tinha o que se chamava de AESI (assessoria especial de segurança e informação), assim como eram as ASIs (assessoria de segurança e informação), subordinada ao DSI (Divisão de Segurança e Informação) do MEC”, afirmou durante audiência pública da comissão. “Eram funcionários que faziam a vigilância de estudantes e professores considerados subversivos, que acabavam sendo expulsos e impedidos de estudar ou trabalhar em outras entidades educacionais.”
Um ofício, de 1975, saído do gabinete do reitor via AESI informa os agentes do Dops sobre a Semana dos Direitos Humanos, realizada por centros acadêmicos e grêmios E mostra nomes de professores que teriam participado do evento.
A USP ainda não se pronunciou oficialmente e nem mostrou disposição para investigar o assunto.
Essa cumplicidade da USP, da elite de São Paulo, com a ditadura precisa ser esclarecida. E ter seus responsáveis punidos. Do contrário, isso, sim, é impunidade.
-Por José Dirceu in http://www.zedirceu.com.br

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