Por Raul Pont*
As reuniões das direções
nacionais do PMDB e do PP que decidiram o apoio à reeleição de Dilma Roussef
terão consequências importantes no Rio Grande do Sul.
São partidos políticos
expressivos no país e já estão no governo ocupando Ministérios e um conjunto de
espaços em órgãos ou empresas públicas.
Suas bancadas no Congresso,
assim como ocorre com outros partidos, não são exemplares em coesão
programática ou unidade e fidelidade partidárias, mas são significativas.
Vêm sofrendo o processo de
decantação político-programática que os partidos vivem no Brasil, desde o
retorno ao pluripartidarismo nos anos 80.
O PMDB, herdeiro da
resistência democrática do período ditatorial, vive uma longa crise de
identidade e hoje é pouco menos de um terço do que já foi nos anos 80. Sem
programa e projeto próprios aderiu com facilidade ao governo FHC e depois,
igualmente, apoiou o período Lula e Dilma.
O PP, herdeiro da velha
ARENA, vem também definhando. A grande cisão com o PFL, depois DEM, levou o
setor francamente neoliberal e hoje é uma sigla em busca de uma definição.
Manteve laços com a burocracia estatal e em vários Estados herda setores mais
conservadores do mundo rural, principalmente, nos pequenos municípios.
No Rio Grande do Sul
seguiram na contramão da tendência nacional de seus partidos. Estiveram juntos
com os governos Rigotto (PMDB) e Yeda Crusius (PSDB), perdendo bases e espaços
próprios pelos zig-zags programáticos.
Agora, com candidaturas
próprias, continuam na contradição da maioria nacional. O PMDB com Sartori, que
condiciona sua candidatura ao apoio a Eduardo Campos, e o PP, de Ana Amélia,
retomando no Estado a aliança com o tucanato, certamente, criarão conflitos com
suas bases municipais e entrarão em desacordo com a orientação nacional de seus
partidos.
O quadro internacional –
crise profunda do neoliberalismo que se arrasta na Europa do euro e EUA ainda
lambendo as feridas de ter sido o epicentro de 2008 – não ajuda na busca de
novas referências programáticas e ideológicas. O mesmo ocorre no país, onde
Eduardo Campos e Aécio Neves esforçam-se em apresentar diferenças entre si, mas
não conseguem ir além do lacerdismo moralista ou envergonhadas críticas à
política salarial atual ou de que são governantes que têm coragem de tomar
“medidas impopulares”.
Ou seja, um discurso sem
nada de novo ou que aponte para uma alternativa superior ao governo atual. Na
ausência de uma terceira via, caminhamos para uma polarização entre a
manutenção de um ciclo virtuoso desenvolvimentista com distribuição de renda e
inclusão social e o regresso ao ideário tucano do choque de gestão, da
submissão ao mercado, da redução dos serviços públicos e do arrocho salarial.
É evidente a rebeldia de
suas bases às alternativas gaúchas que seus partidos apresentam. É grande o
número de prefeitos e vereadores dos pequenos e médios municípios do PP e do
PMDB que estarão alinhados com Dilma e seu projeto já no 1º turno.
A Unidade Popular pelo Rio
Grande, alinhada com Dilma terá a dupla tarefa de levar a sua campanha e, ao
mesmo tempo, ajudar a organizar e animar os Comitês Dilma-Temer em todos os
municípios e regiões englobando a presença desses setores do PMDB e PP que,
corretamente, distinguem os benefícios e a relação republicana construídas pela
presidenta Dilma no plano federal.
Nunca os municípios tiveram
acesso a financiamentos para obras (saneamento, moradia, máquinas e
equipamentos) e serviços (Mais Médicos, financiamento agrícola, SAMU, UPAs,
Brasil Carinhoso etc.) como obtiveram nesses últimos governos federais.
Por isso, não é de estranhar
que esses movimentos e encontros já tenham começado. Neste dia 2 de junho, em
Cruzeiro do Sul, encontram-se prefeitos, vices e vereadores de vários
municípios do Vale do Taquari para discutirem o tema e organizarem uma ação
comum nas eleições de outubro, à revelia das decisões estaduais.
.oOo.
*Raul Pont (foto) é deputado
estadual pelo PT-RS - (via Sul21)
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