São Paulo – RBA - O ex-assessor especial da Presidência da
República Marco Aurélio Garcia, 76, morreu hoje (20), vítima de infarto. Garcia
foi um dos principais articuladores da política externa do país durante os
governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que deu mais
protagonismo ao Brasil perante o comércio e a política internacional.
Garcia foi também um dos articuladores dos Brics, grupo
formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que fortaleceu a
atuação desses países perante o bloco dos países do hemisfério norte. Atuando
em parceria com Celso Amorim, foi um dos responsáveis pela política
externa que ficou conhecida "como altiva e ativa".
Professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e
militante socialista, Garcia ajudou a formar gerações de ativistas, estudantes
e gestores públicos. Foi secretário de Cultura nas prefeituras de Campinas e de
São Paulo.
Em sua última entrevista à RBA, em 20 de
maio, Garcia afirmou que o golpe parlamentar que derrubou Dilma Rosseff em
2016 chegava a uma situação de vulnerabilidade em função das denúncias de
Joesley Batista, do grupo JBS, contra o presidente Michel Temer.
“Eles estão hoje confrontados com a necessidade de fazer uma
mudança – e essa mudança se torna mais dramática no momento em que a cabeça do
governo, o comandante, ainda que seja um comandante medíocre, é atingida por
esse episódio (das denúncias contra Temer)”, afirmou na época.
"Hoje é um dia de dor para todos nós, que
compartilhamos com ele seus muitos sonhos, histórias e lutas. Era um amigo
querido, de humor fino e contagiante, sempre generoso e cheio de ideias, dono
de uma mente arguta e brilhante", postou Dilma em sua rede social.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que MAG, como era
chamado, era uma "pessoa legal, divertida que vai fazer muita falta no
PT". "É muito triste iniciar nossa conversa com essa notícia",
disse, durante conferência transmitida ao vivo.
"É uma tristeza. Dificilmente alguém pode escrever a
história da América Latina sem falar dele. Foi um dos arquitetos da integração
latino-americana e da relação política sul-sul. Muitos países que eu visitei,
não conheciam nosso chanceler mas conheciam ele", afirmou o deputado Paulo
Teixeira (PT-SP), ao lado do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que completou:
"Não teríamos política externa ativa e altiva sem ele. As elites sempre
foram subordinadas e colonizadas".
O também senador Jorge Viana (PT-AC) destaca o Garcia como
"intelectual e militante apaixonado pela política, perseverante sonhador
desde a juventude". "Sempre foi uma referência dentro do PT e um
gigante no campo das ideias. Um democrata respeitado em todo o
mundo."
Segundo informações do coletivo Jornalistas Livres, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu à notícia da morte de um de seus
mais importantes conselheiros "com cinco longos minutos de silêncio".
Lula almoçava na casa do jornalista José Trajano depois de ter participado da entrevista em seu canal no YouTube.
Ainda ontem, Lula esteve no velório do ex-líder sindical bancário
Augusto Campos. Recentemente, o ex-presidente perdeu a mulher Marisa Letícia Lula da Silva, morta em 3 de
fevereiro. No último dia 12 de maio, lamentou ainda a morte do professor e
escritor Antonio Candido, um dos importantes
auxiliares de Lula ao longo da formação do PT.
*Via RBA
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