Pode ser consumada, hoje, no
Senado, a última obra do governo Temer.
Como todas que fez, será uma obra
de demolição.
Seu papel é fazer de tudo ruínas
e o fez até de si mesmo, a ponto de se firmar uma convicção nacional de que, em
mais ou menos dias, ele próprio desabará.
Antes, porém, vai tentar, todo,
exibir musculatura acertando a golpes de marreta a CLT, obra de Getúlio Vargas
que reuniu e ampliou o que décadas de lutas dos trabalhadores conquistaram.
É o que espera deles toda a gente
bem posta, que julga que o problema do Brasil é seu povo, indolente,
preguiçoso, incapaz.
Sob o desconhecimento público
quase total, envolta pelo discurso de que “criará empregos” para iludir
incautos e desesperados pela falta de trabalho, como se a garantia de mínimos
direitos significasse o desemprego.
Quem puxar apenas um pouco pela
memória vai se recordar do que diziam quando se legislou para acabar com a
escravidão das empregadas domesticas. Lembram que diziam que teríamos milhões
de mulheres pobres lançadas à rua?
Pois é, a mentalidade
escravocrata de nossas elites nos levou a uma espécie de democracia
censitária, onde o desejo “do mercado” é imperial, incontestável e adquire ares
de verdade absoluta, da qual discordar é quase doentio, patológico.
Aliás, o termo “esquerdopata” que
usam é revelador do que pensam.
Os 75 anos da Consolidação das
Leis do Trabalho, claro, exigem adaptações numa economia que ganhou novos
formatos. Mas foram e são eles que nos fizeram caminhar para uma sociedade mais
digna.
O trabalho é um valor, não uma
tortura, não uma galé onde se chicoteia seres humanos para que remem mais e
mais e mais.
O Brasil, ao que tudo indica,
cruzará uma ponte para o passado, aos anos 20.
Não 2020: 1920, mesmo.
*Por Fernando Brito, jornalista. No Tijolaço
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