O retorno de Aécio Neves, com um
longo discurso, frio e desapaixonado, onde admite erros e com a desnecessária e
evidente demagogia de, ao final, pedir o reajuste do Bolsa-Família, numa
manipulação grosseira do momento foi um nada.
Ninguém o narra melhor que a
repórter Talita Fernandes, da Folha, comparando o Aécio,derrotado, que entrava em
festa no Senado, em 2015 e o Aécio, morto, que retorna ao Senado em 2017:
O plenário do Senado estava
praticamente vazio quando Aécio ingressou. Havia uma pequena quantidade de
senadores, em torno de 10, a maioria do PSDB.(…)
(Sua) fala foi encerrada com
um tímido aplauso de aliados e, em acordo com o presidente do Senado, Eunício
Oliveira (PMDB-CE), não foram autorizadas falas no meio do discurso de Aécio,
evitando ataques da oposição.
O retorno do tucano ao Senado
se diferencia de um episódio que aconteceu há quase três anos, quando ele
retornou ao Congresso em novembro 2014, depois de ter sido derrotado nas urnas
pela ex-presidente Dilma Rousseff.
Na ocasião, depois de ter se
ficado fora das atividades legislativas por vários meses para disputar o
Palácio do Planalto, Aécio chegou falando que lideraria o “exército da
oposição”.
Em 2014, o tucano foi recebido
em Brasília no aeroporto e saudado na volta ao Congresso por cerca de 200
pessoas sob gritos de “fora PT” e “Aécio presidente”. A cena não se repetiu
nesta terça, e Aécio escolheu entrar no Senado por um dos anexos e não pela
entrada principal, como fez em novembro de 2014, quando havia conquistado 51
milhões de votos para presidente.
Ao final, tímidos, raros e
rápidos aplausos. Ninguém pede a palavra, depois, para saudá-lo.
Autorizado pela Justiça a
retornar ao Senado, Aécio era um ser estranho hoje, ali.
(Por Fernando Brito in Tijolaço)
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