por Luiz Carlos Azenha*
A perseguição política é um dos mais poderosos cabos
eleitorais no Brasil. Para quem é vítima dela.
A perseguição política desperta solidariedade de classe.
“Ele não é perfeito, mas é um dos meus!”
Ao condenar Lula sem provas contundentes de que ele é dono
do triplex no Guarujá, o juiz Sergio Moro tornou-se um dos cabos eleitorais do
ex-presidente para as eleições de 2018.
Mas o ‘efeito Moro’ nas pesquisas eleitorais, que em breve
vão registrar ascensão de Lula — contradizendo o ‘sendo comum’ dos analistas da
GloboNews — não pode ser entendido fora de um contexto mais amplo.
A condenação de Lula se deu num quadro de profunda crise
econômica, de número recorde de moradores de rua nas metrópoles, de desemprego
avassalador e… de reformas que roubam direitos dos mais pobres.
Dotado de um sofisticadíssimo radar com que mapeia o
sentimento popular, Lula traduziu em palavras simples o que qualquer eleitor do
Brasil entende, independentemente de classe ou educação: ‘colocar o pobre no
orçamento’, disse no discurso em que se lançou candidato.
Colocar o pobre no orçamento, promete o ex-presidente, um
dia depois de 50 senadores terem atacado algo que a população mais pobre
identifica com muita clareza: o direito de recorrer à Justiça trabalhista, de
barrar o impulso escravocrata do patrão.
50 senadores e Moro, em conjunto, deram grande impulso à
candidatura de Lula.
E, ocupando desde já as ruas, o ex-presidente não só nega o
espaço onde poderiam florescer candidatos à esquerda. Parece entender que,
incapaz de controlar o resultado das eleições de 2018, a direita vai partir
para adiá-las, sob qualquer subterfúgio, da mesma forma que as pedaladas
fiscais foram usadas para derrubar Dilma Rousseff.
Registre-se que a conjuntura eleitoral é muito dinâmica.
Mas, olhando com os olhos de hoje, se houver eleição e Lula colocar a Globo do
outro ‘lado’, como Trump fez com a CNN e a ‘mídia liberal’ nos Estados Unidos,
Lula será eleito no primeiro turno.
Moro, a Globo e 50 senadores. Lula tem uma dívida com eles.
*Jornalista, Editor do Viomundo (fonte desta postagem).
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