domingo, 10 de julho de 2011

Sobre as acusações contra o ex-ministro José Dirceu


Crítica & Autocrítica - nº 77

* José Dirceu,  ex-ministro do governo Lula, ex-deputado federal, foi também fundador e Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores. É advogado e consultor. Integra a  Direção Nacional do PT. Foi líder estudantil,  preso político nos 'anos de chumbo' e esteve exilado pela ditadura militar. Retornou clandestinamente ao Brasil e continuou a luta pelas liberdades democráticas. É um dos denunciados pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que  enviou ao Supremo Tribunal Federal as alegações finais da Procuradoria com pedido de condenação de 36 dos 38 da ação penal 447, chamada pela mídia de “mensalão. Em sua defesa, diz o ex-ministro em relação às denúncias realizadas pelo procurador-geral:

"Suas acusações contra mim não trazem qualquer prova material ou testemunhal. São meras ilações extraídas de sua interpretação peculiar sobre minha biografia.

A vocês que acompanham minha trajetória de 46 anos dedicados à construção de um Brasil mais justo, democrático e forte, gostaria de dizer que estou tranquilo. Continuarei me defendendo, ainda com mais ânimo e dedicação. Não o faço apenas para demonstrar minha inocência, submetido à agressão constitucional de inversão do ônus da prova, graças à fusão de interesses conservadores. Lutarei com ainda mais energia, porque o que está em jogo, acima da minha honra e liberdade, é a imagem do Partido dos Trabalhadores e do projeto de transformação social que representa.

Este momento não difere de outros em minha vida. Já fui banido pela ditadura militar, quando perdi minha nacionalidade, fui cassado e tive os meus direitos políticos suspensos por 10 anos em 1969. Em 2005, a Câmara dos Deputados me cassou o mandato de deputado federal, que obtive com o voto de mais de 556 mil paulistas. A decisão foi tomada sem provas, num fato inédito na história do país.

Sou inocente das acusações que me fazem e vou prová-lo no STF, corte que, confio, julgará a ação com base nos autos e nas provas, na Constituição e na lei. Vou aguardar o julgamento com serenidade, pois sei que, ao final desse doloroso processo, se imporá a justiça e cairá por terra a farsa montada contra mim.

Aproveito para agradecer as manifestações de apoio que tenho diariamente recebido de amigos, militantes, apoiadores ou, simplesmente, de brasileiros que não concordam com o achincalhamento público que tenho sofrido nos últimos seis anos.
...

* O sítio Nova Pauta, em postagem assinada pelo jornalista João Lemes, transcreveu parte da postagem que realizei em meu blog, onde repostei artigo assinado por José Dirceu (foto acima). Na mesma postagem, Lemes  ironiza as colocações do ex-ministro chefe da Casa Civil do Presidente Lula e  ataca o STF, questionando a eficácia do mesmo, citando também os petistas e este blogueiro - que entendem que se deve, no mínimo, conceder o benefício da dúvida à quem é acusado, como ocorre com o companheiro Zé Dirceu e outros petistas, acusados  sem provas, diga-se de passagem.
...
* Questionado que fui, respondi ao Nova Pauta que, democraticamente, postou meu comentário, cuja íntegra publico à seguir:
'Prezado João, o companheiro Zé Dirceu tem uma história política marcada pelo patriotismo e coragem que a direita, os saudosos da ditadura e a mídia conservadora, mesmo tentando de todas as formas, não conseguirão jamais aniquilar. Ele alega ser inocente e, até prova em contrário, o é. O ônus da prova é de quem acusa. Ele diz, alto e bom som: "Sou inocente das acusações que me fazem e vou prová-lo no STF, corte que, confio, julgará a ação com base nos autos e nas provas, na Constituição e na lei. Vou aguardar o julgamento com serenidade, pois sei que, ao final desse doloroso processo, se imporá a justiça e cairá por terra a farsa montada contra mim."  Sinceramente, não tenho nenhum motivo para desacreditar dele. Eu torço por ele, em respeito a sua biografia, pelo seu passado e pelo seu presente de lutas, e espero que esse processo seja concluído sem mais demora e que a verdade e a justiça se imponham, finalmente.'

*Por Júlio Garcia, especial para 'O Boqueirão'


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