'A
Justiça que está para prender José Dirceu sem que contra ele pese um grama do
que pesa contra Perillo pôs em liberdade um mafioso como Cachoeira. Essa é a
“nova era” que o julgamento do mensalão (do PT) inaugurou?'
Os
ataques midiáticos ao relatório da CPI do Cachoeira e a soltura deste pela
Justiça justamente quando as provas de seus crimes engolfam o governador de
Goiás, Marconi Perillo, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e o
editor de Veja Policarpo Júnior, desnudam a farsa do julgamento do mensalão e a
tese ridícula de que aquele tribunal de exceção teria inaugurado uma nova era
em que poderosos também seriam submetidos à lei.
A
indignação da mídia tucana e de sua militância com a corrupção – na América
Latina, há “partidos” da mídia que têm até militância –, portanto, fica
absolutamente caracterizada como produto de um descaramento que esbofeteia o
Brasil. É tudo tão escancarado que é impossível que alguém de boa fé não esteja
notando como a indignação com a corrupção no PT dá lugar à defesa apaixonada de
um grupo político que aprisionou Goiás naquele que, agora sim, é o maior
escândalo de corrupção já visto no país, pois atinge a casa dos bilhões de
reais.
A
cúpula da quadrilha que aprisionou Goiás, segundo o relatório da CPI, era
formada, basicamente, por Cachoeira, Demóstenes, Perillo, Gurgel e Policarpo. O
que pesa contra esses quatro é estupefaciente e dispensará a Justiça do uso da
famigerada teoria do “domínio do fato” devido à vastidão de provas materiais
que pesam contra eles.
Sobre
Cachoeira e Demóstenes nem é preciso dizer nada, mas sobre Perillo e Gurgel
lembremo-nos de que os “atos de ofício” que comprovam atos criminosos são
intermináveis. Perillo se envolveu em negócios imobiliários com Cachoeira,
nomeou quem ele pediu – há gravações da PF mostrando que o bicheiro determinava
os nomes de quem queria pôr no governo e as nomeações aconteciam –, mas as
atividades criminosas da quadrilha jamais foram alvo de ações do governo goiano
e, por fim, o procurador-geral da República, sabendo de tudo que acontecia, e
ao contrário do que fez com o PT e seus aliados, engavetou tudo.
A
esta altura, a imprensa deveria estar cobrando a CPI para que fizesse um
relatório duro condenando um esquema imenso, muito maior do que o do mensalão
(do PT) em todos os sentidos, tanto em número de integrantes da quadrilha como
em valores desviados. E tudo com o concurso do chefe do Ministério Público
Federal. Entretanto, ao contrário da corrupção que possa haver no PT, a do
PSDB, do DEM e do MPF gerou defesa desabrida dos corruptos pelos moralistas de
plantão.
Então
vamos combinar: se um escândalo dessa magnitude for abafado, se o relatório da
CPI aliviar para Perillo, Gurgel e Policarpo ou se o relatório for desfigurado
e o Ministério Público e a Justiça não fizerem nada, acabou o Brasil. Estará
comprovado que estamos vivendo em um Estado ditatorial que persegue um grupo
político enquanto protege outro – e quando se alude a Estado não se está
falando do Poder Executivo, mas do Judiciário e do Legislativo.
Como
acreditar em um país em que crimes escancarados, atrevidos (para usar termo da
moda) e incomensuráveis são praticados à larga e, após serem descobertos, seus
autores são poupados devido ao grupo político que integram? Como acreditar em
um país em que a Justiça, a imprensa e o próprio Legislativo tratam a corrupção
de um lado com rigor irrefreável e a de outro com tolerância total? (...)
CLIQUE AQUI para ler a íntegra da postagem (Via Blog da Cidadania)
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