Porto Alegre/RS - Sul21 - Parlamentares de
36 nações que participam do Fórum Mundial Palestina Livre (FSMPL) construíram
uma carta de recomendação sobre a questão palestina nesta sexta-feira (30)
durante o Fórum Parlamentar Mundial Palestina Livre. O evento reuniu deputados
interessados em discutir o conflito entre Palestina e Israel. No documento,
entre outras medidas, foi solicitada a liberação de líderes palestinos em
Israel.
O momento histórico de
reconhecimento da Autoridade Palestina como estado não-membro pelas Nações
Unidas, nesta quinta-feira (29), também repercutiu nas falas políticas do Fórum
Parlamentar Mundial. Na oportunidade, o chefe de Relações Internacionais do
Fatah, Nabil Shaat reportou as condições impostas pelo estado de Israel logo da
votação na ONU. Segundo ele, foram medidas que mantém a segregação dos estados
pela fé. “Eles querem um estado judeu e não um estado Israel. O governo
israelense não quer uma relação de convivência com muçulmanos e cristãos. Nós
queremos. Um estado laico”, disse.
As condições de Israel são,
segundo Shaat, não haver retornos de refugiados palestinos às suas
propriedades, haver um reconhecimento do estado judeu, excluir de qualquer
negociação com o estado palestino as áreas de Jerusalém e manter Cisjordânia e
Gaza sobre controle de Israel. “Nós reconhecemos Israel e todos os seus
habitantes e suas diversas confissões de fé. Também queremos ser vistos assim e
não apenas como muçulmanos”, afirmou o enviado especial do presidente da
Palestina, Mahmoud Abbas.
Palestina se tornou estado
não-membro das Nações Unidas por 138 votos a 9, mais 41 abstenções – portanto,
o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Al Zeben, considera que não há
outro caminho para Israel que não fazer uma nova eleição de governantes. “Ou
eles fazem isso ou ficarão contra o mundo inteiro. Foram inúmeros países que
votaram em favor de uma nação ontem. Sei que há pessoas que compreendem isso em
Israel. Temos que renunciar ao terrorismo de estado e à discriminação racial.
Não há outra saída”, falou.
Sociedade civil sugere
realização de segundo Fórum Palestina Livre em Ramallah
Paralelo ao Fórum
Parlamentar Mundial Palestina Livre, a sociedade civil organizada também
discutia o recente passo em favor da autodeterminação do povo palestino. O
sociólogo Emir Sader considera que a decisão da ONU foi mais do que um ato
simbólico e poderá proporcionar uma reorganização interna dos palestinos. “O
ânimo deste povo mudou. Além de poder acessar organismos internacionais, a
Palestina pode construir aeroporto, enfim, desenhar um estado. Abrirá um nível
de relação diferente”, acredita.
Ele sugeriu que as
deliberações do Fórum Social Mundial Palestina Livre possam garantir a
segurança necessária para que a cidade palestina de Ramallah possa sediar um
próximo encontro. Um dos membros do Comitê Organizador, Emir Murad, concordou
com a tentativa de levar o fórum para o estado palestino. “Quando falamos em
realizá-lo no Fórum Social Mundial, em Dakar, Egito e Tunísia declinaram por questões
de segurança. Prontamente o Brasil se ofereceu. Agradecemos a todas as
entidades que estão apoiando esta luta”, falou.
O representante da
organização pediu desculpas por eventuais problemas no transcorrer da
programação, mas alegou que algumas pressões políticas atrasaram a realização
do evento. Nas vésperas do Fórum, o Ministério Público do Estado do Rio Grande
do Sul retirou a cedência das salas para a realização das principais
conferências. Uma semana antes, a Prefeitura de Porto Alegre e a Assembleia
Legislativa do RS quase retiraram também.
Para o representante da CUT
(Central Única de Trabalhadores), João Felício, há muitos interesses políticos,
religiosos e econômicos por trás das organizações e da imprensa – que, segundo
ele, não dá voz ao estado palestino. “Diferente do Fórum Social Mundial, este
fórum traz soluções concretas e não apenas reflexões. Por isso existem estas
pressões contrárias”, afirmou. (Por Rachel Duarte) - http://www.sul21.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário