domingo, 17 de junho de 2012

'Paulo Maluf, o dono do PP'

 

Petistas e tucanos disputam Maluf: quem dá mais?

  
  Ricardo Kotscho* escreve:

Quem diria... Quem poderia imaginar que na campanha municipal de 2012, na segunda década do século 21, o PT e o PSDB iriam disputar o apoio de Paulo Maluf, o dono do PP? Pois é exatamente o que está acontecendo nesta reta final da formação de alianças, ou seja, da divisão do bolo da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV.

Quando já parecia consumada a aliança de Maluf com o PSDB, negociada pelo governador Geraldo Alckmin, houve uma reviravolta nos últimos dias. Os emissários do PP reabriram negociações com o PT de Lula. Maluf, que já ganhou a companhia estadual de habitação, agora pleiteia o controle geral da área, também na área municipal.

"Os tucanos nos trataram como uma sublegenda, como se tudo já estivesse acertado", queixou-se Jesse Ribeiro, secretário-geral do PP e fiel escudeiro de Maluf, depois de se encontrar com o candidato petista Fernando Haddad. Além de cargos na prefeitura, o PT também acenou com mais posições no Ministério das Cidades, que também já é controlado pelo PP.

Explica-se: os 90 segundos de televisão do cacife de Paulo Maluf podem decidir quem terá mais tempo para a propaganda política, um elemento vital para o petista Fernando Haddad se tornar mais conhecido e sair do patamar de 3% em que está estacionado, e para o tucano José Serra reduzir sua rejeição, que está em torno de 35%.

Dá para acreditar? Na mesma semana em que o PT finalmente conseguiu fechar sua primeira aliança, com o PSB indicando Luiza Erundina para vice na chapa de Fernando Haddad, volta com toda força à cena política o ex-prefeito e ex-governador da velha Arena, uma relíquia política dos tempos da ditadura militar.Virou o fiel da balança.

Se o PP acertar mesmo aliança com o PT, dá para acreditar que Erundina e Maluf, que já se odiaram tanto, subirão no mesmo palanque para apoiar o candidato indicado por Lula?

Maluf, Serra e Erundina já foram adversários ferozes e se enfrentaram várias vezes nas disputas eleitorais pela maior prefeitura do país. Somadas as idades dos três, dá mais de dois séculos, mas eles estão de volta numa campanha que começou, tanto para petistas como para tucanos, com propostas de caras novas e novas propostas.

Em nome da novidade, Lula afastou Marta Suplicy da disputa e lançou o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que ganhou do marqueteiro João Santana o slogan "um novo homem para um novo tempo".

Agora, com a ex-prefeita Erundina compondo a chapa do PT, Santana terá que se virar para adaptar sua estratégia, que visava se contrapor ao "velho Serra" com uma cara nova na praça.

Durante meses vimos também o PSDB procurando sua nova imagem, com quatro pré-candidatos disputando a vaga, mas no fim foi o José Serra de tantas campanhas quem surgiu outra vez como candidato tucano.

Para complicar ainda mais a cabeça do eleitor, antes de Serra confirmar sua candidatura, precisamos lembrar que, no começo do ano, o PSD de Gilberto Kassab chegou a discutir uma aliança com o PT de Lula.

Correndo por fora da eterna polarização PT-PSDB, seguem os caras novas Celso Russomano, do PRB, vice-lider em todas as pesquisas, e Gabriel Chalita, do PMDB. O resto é figurante.

PT ou PSDB? Para valorizar ainda mais seu passe, Maluf adiou para segunda-feira o anúncio de quem vai apoiar. Seja quem for, o apoio pode custar caro, com o contemplado tendo que gastar bem mais do que 90 segundos para explicar esta aliança.

Curiosamente, a moeda de troca dos dois partidos na disputa pelo apoio de Paulo Maluf se dá na área da habitação, que concentra as mais graves denúncias de corrupção na administração de Gilberto Kassab, o vice que Serra deixou na prefeitura pouco mais de um ano após assumir o cargo para disputar o governo do Estado.

Ainda nesta quinta-feira, vimos as imagens de um cofre sendo retirado pela polícia da casa de Hussain Aref, ex-diretor da prefeitura acusado de enriquecimento ilícito, em meio a uma enxurrada de denúncias de cobrança de propina para a liberação de  obras na cidade.

Nestes novos velhos tempos, com tantas vantagens e garantias oferecidas pelo sistema financeiro, ainda tem gente que guarda dinheiro no cofre em casa... Por que será?

Depois ainda reclamam que, a três meses e meio da abertura das urnas, a população não mostra o menor interesse pela eleição municipal. E dá para ter esperança de que alguma coisa vá mudar?

Como vocês devem ter notado, hoje estou cheio de perguntas... Com a palavra, os caros leitores do Balaio.

*Jornalista - Fonte: Balaio do Kotscho http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/

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