José
Genoíno, José Dirceu, Delúbio Soares e João Paulo Cunha foram condenados sem
provas porque fazem parte de uma história que incomoda.
Por Hamilton 'Pedro Tierra' Pereira, na Carta Maior*
A
aventura de construir um partido de base popular que viesse a representar de
maneira independente os interesses dos trabalhadores na sociedade brasileira,
ainda sob a ditadura empresarial-militar imposta ao país pelo golpe de abril de
1964, percorre a esta altura, cerca de três décadas e meia. Se pensarmos bem,
tempo relativamente curto, considerados os cinco séculos desde o desembarque
dos colonizadores portugueses nesses trópicos.
Depois das grandes
mobilizações sociais catalisadas por S. Bernardo do Campo, no final dos anos
70, e das históricas assembleias do Estádio de Vila Euclides, o 10 de fevereiro
de 1980, reuniu, no Colégio Sion, sob os olhos distraídos das velhas elites
oligárquicas, vencedoras em 1964 e algum nervosismo das novas elites nutridas
pela ditadura empresarial-militar, variadas vertentes dos movimentos populares
e sindicais que resistiram a ela para constituir sob a liderança dos operários
do ABC um instrumento que organizasse e unificasse sua ação.
Estavam amadurecidas as
condições para dar forma a um organismo que representasse as aspirações de uma
classe social que estava incluída, como mão-de-obra, no setor de ponta da
economia – a indústria automobilística – mas excluída da arena política, que se
revelou capaz pelo instrumento das greves, das mobilizações de massas e da ação
parlamentar de estabelecer alianças com diferentes setores sociais para por
abaixo uma tirania já em declínio.
A reforma política
articulada para dividir as oposições à ditadura empresarial-militar percebeu o
PT como um acidente, um ovo indesejado na incubadora do general Golbery. O PT
foi diagnosticado inicialmente como um incômodo a ser digerido e eliminado pela
repressão pura e simples ou pela própria dinâmica do metabolismo institucional
da transição pelo alto engendrada por seu principal estrategista.
Ao forçar as portas daquele
sistema político concebido para abrigar as disputas, sob estrito controle da
legislação emanada do regime ditatorial, entre os grandes senhores da
indústria, das finanças, do agronegócio nascente e dos antigos monopólios de
comunicação nutridos pelo regime, o Partido dos Trabalhadores cometeu um crime.
O crime original de ter
nascido
Com voz própria, ainda que
desafinada, mas vigorosa, por liberar uma polifonia, àquela altura
irreprimível, de reivindicações, desejos, esperanças, agredia com seu timbre
dissonante os ouvidos de uma sociedade alfabetizada pelo silêncio. A campanha
pelas “Diretas Já”! mobilizou milhões de vozes em torno da proposta do Deputado
Dante de Oliveira. Se não venceu de imediato, sacudiu irremediavelmente os
alicerces do regime. Com os movimentos sociais em ascensão, sua base primeira,
o PT se consolidou como expressão política dos de baixo e como projeto
alternativo de desenvolvimento para o Brasil. (...)
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