quarta-feira, 21 de maio de 2014

Só reforma política pode tirar força da bancada ruralista, diz Gilberto Carvalho


Gilberto Carvalho durante evento em Juazeiro. O ministro critica a força
do poder econômico na política nacional

Carta Capital - Em Juazeiro (BA), o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, deixou clara a dificuldade do governo federal em lidar com a chamada bancada ruralista, formada por parlamentares ligados ao agronegócio. Na segunda-feira 19, durante o III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), Carvalho recebeu demandas dos movimentos sociais do campo em relação às demarcações tardias ou inconclusivas de terras e ameaças do agronegócio às áreas que já contam com assentamentos. Quilombolas, indígenas e outras minorias entregaram carta a Carvalho, endereçada à presidenta Dilma Rousseff, mas o ministro admitiu a dificuldade de fazer andar no Congresso as demandas deste tipo.

Segundo Caravalho, somente com uma reforma política é possível combater as bancadas que agem de acordo com os interesses econômicos de determinados setores da economia. "Enquanto houver bancada no Congresso de interesse de latifundiários e industriais, e uma bancada de trabalhadores e movimentos populares tão resumida quanto nós temos, nós não vamos conseguir avançar", afirmou Carvalho. "Os princípios que estão nessa carta não representam, infelizmente, a opinião da maioria da população. (...) Sem realizarmos a reforma política, essa carta não será aceita. Não há correlação de forças para que as questões essenciais que estão dadas nesta carta possam se tornar realidade."

Para o ministro, a atual formação do Congresso não representa a maioria dos brasileiros. "Temos de mudar a estrutura política e eleitoral do Brasil, é preciso estabelecer mecanismos de participação social deliberativos", afirmou. Carvalho manifestou preocupação com o uso do poder econômico no regime democrático. "Nós temos de ter um Congresso Nacional que represente a maioria dos brasileiros e não apenas minoria com poder econômico e isso não se fará sem alteração da legislação eleitoral e o fim do financiamento." (...)

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