Gilberto Carvalho durante evento em Juazeiro. O ministro critica a força do poder econômico na política nacional |
Carta Capital - Em Juazeiro (BA), o ministro
Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, deixou
clara a dificuldade do governo federal em lidar com a chamada bancada
ruralista, formada por parlamentares ligados ao agronegócio. Na segunda-feira
19, durante o III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), Carvalho recebeu
demandas dos movimentos sociais do campo em relação às demarcações tardias ou
inconclusivas de terras e ameaças do agronegócio às áreas que já contam com
assentamentos. Quilombolas, indígenas e outras minorias entregaram carta a
Carvalho, endereçada à presidenta Dilma Rousseff, mas o ministro admitiu a
dificuldade de fazer andar no Congresso as demandas deste tipo.
Segundo Caravalho, somente
com uma reforma política é possível combater as bancadas que agem de acordo com
os interesses econômicos de determinados setores da economia. "Enquanto
houver bancada no Congresso de interesse de latifundiários e industriais, e uma
bancada de trabalhadores e movimentos populares tão resumida quanto nós temos,
nós não vamos conseguir avançar", afirmou Carvalho. "Os princípios
que estão nessa carta não representam, infelizmente, a opinião da maioria da
população. (...) Sem realizarmos a reforma política, essa carta não será
aceita. Não há correlação de forças para que as questões essenciais que estão
dadas nesta carta possam se tornar realidade."
Para o ministro, a atual
formação do Congresso não representa a maioria dos brasileiros. "Temos de
mudar a estrutura política e eleitoral do Brasil, é preciso estabelecer
mecanismos de participação social deliberativos", afirmou. Carvalho manifestou
preocupação com o uso do poder econômico no regime democrático. "Nós temos
de ter um Congresso Nacional que represente a maioria dos brasileiros e não
apenas minoria com poder econômico e isso não se fará sem alteração da
legislação eleitoral e o fim do financiamento." (...)
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