Salário mínimo, Bolsa Família e
tabela de IR: sobre este tripé a oposição titubeia em se pronunciar. O que
Aécio e Eduardo Campos têm a falar sobre isso?
Por Antônio Lassance, na Carta Maior*
Dilma voltou à ofensiva. Colocou
em debate a discussão sobre qual é a prioridade da política econômica e
desafiou os adversários a mostrarem quem são e o que querem para os
trabalhadores.
O recado foi claro para a turma
do ajuste fiscal a qualquer custo - as candidaturas de Aécio e Eduardo Campos.
Os candidatos oposicionistas
continuam fazendo discursos que soam como música aos financiadores de campanha,
principalmente para os bancos. Dilma resolveu fazer um discurso para os
trabalhadores.
Lembrou que a prioridade de uma
política econômica deve ser a de garantir emprego e salário. A própria
importância do controle da inflação deve ter como objetivo central preservar a
renda do trabalhador, principalmente os mais pobres.
Rebateu os que falam em um
suposto descontrole da inflação com o dado objetivo de que os últimos 11 anos
foram o período mais longo de inflação baixa de toda a história brasileira.
Nesse mesmo período, o salário do
trabalhador cresceu 70% acima da inflação. Foram gerados mais de 20 milhões de
novos empregos com carteira assinada. Só durante o governo Dilma, foram 4,8
milhões de novos empregos.
A luta mais difícil e importante
é "a luta do emprego e do salário", disse no pronunciamento. Em
seguida, anunciou que assinou uma Medida Provisória que corrige a tabela do
Imposto de Renda e um decreto que reajusta em 10% os valores do Bolsa
Família.
Uma outra medida importante para
os trabalhadores já fazia parte da proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias
para 2015: o reajuste do salário mínimo de 7,71% (R$ 779,00), mais uma vez,
acima da inflação.
A consequência do pronunciamento
e dessas decisões, no curto prazo, é que Dilma será duramente atacada e
precisará reagir com novas ofensivas demarcadoras de sua posição. Precisará
forçar seus opositores a assumirem a face antipopular de suas candidaturas.
Depois de ter sido obrigada, em
2013, a promover um recuo em sua política econômica diante do terrorismo fiscal
dos que pintavam cenários pessimistas, Dilma pode ter percebido, claramente,
que recuar não melhorou em nada sua situação.
A elevação da taxa de juros Selic
e o duro contingenciamento previsto para o ano de 2014 não fizeram nem cócegas
nos adeptos da obsessão fiscal. Se Dilma fechar o governo e jogar a chave fora,
seus críticos continuarão achando pouco.
A turma do tripé pode ter
cometido um erro crasso: forçou Dilma a trazer o debate da política econômica
para o campo da prioridade social e a colocar na berlinda os interesses que
estão por trás da política de ajuste fiscal e juros altos. Conforme disse, não
é gente preocupada nem com o crescimento do país, muito menos com o emprego e o
salário dos trabalhadores.
Dilma pode ter finalmente firmado
o golpe e encontrado o mote de sua campanha, capaz de demarcar claramente o
campo de sua candidatura. Quem quiser, sobretudo, arrocho, que faça bom
proveito com Aécio ou Campos. (...)
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