Sintética avaliação
do resultado das Eleições de 2012 em Santiago/RS
Em Santiago, mais
uma vez, as forças conservadoras e de direita (que tem suas raízes no velho coronelismo
das oligarquias rurais da República Velha) conseguiram se manter à testa do poder
municipal, graças principalmente às suas conhecidas práticas eleitorais (abuso da máquina, clientelismo, forte apoio e controle de setores 'midiáticos' e do poder econômico), 'modus operandi' que remete à primeira década do
século XX e desnuda seu projeto de perpetuação permanente no poder de seu grupo e de seus
apadrinhados (uma vez que governam em função disso, de sua permanência à frente do
controle político do município e região). Tal resultado, a bem da verdade, resultou também dos equívocos e debilidades das 'oposições locais' ao governo do PP.
As
oposições, mais uma vez, não tiveram condições (ou talvez sabedoria política) para
quebrar essa seqüência da apelidada 'dinastia'; tentaram, inicialmente (de forma frustrada) a formação de uma Frente Única
para encetar a disputa, não conseguindo o intento devido a ranços, personalismos e picuinhas
conhecidas, disputando então com o PP/DEM em
duas frentes, o que facilitou sobremaneira a reeleição do atual prefeito Julio Ruivo.
No
que tange ao PT e a Unidade Popular
PT-PDT-PPL, a avaliação - praticamente unânime
– é que saímos do processo eleitoral com
muitos avanços e afirmações, o que
podemos considerar uma vitória política das mais exponenciais em Santiago. Obtivemos
uma expressiva votação na chapa majoritária e elegemos quatro vereadores da nossa
nominata (Unidade Popular).
É importante destacar que o
Partido dos Trabalhadores, que se fez representado com as candidaturas a
prefeito, vice e pela maioria dos candidatos a vereança, teve hegemonia na
construção do Programa de Governo e na
condução da campanha e conseguiu, de forma inteligente, evitar o isolamento
pretendido por alguns setores dito ‘oposicionistas‘ (o PMDB, principalmente, que articulou após uma outra 'frente' de centro/direita com o PSDB e o PTB)
e alicerçar a Unidade Popular com o PDT
e PPL, partidos integrantes da base dos governos Federal e Estadual, o que lhe deu a garantia
de avanços políticos, pois a aliança lhe abriu novas frentes de debates e
disputa de um projeto que pautou a inversão de prioridades e a participação
cidadã como sua bandeira de luta no processo eleitoral.
Ressalte-se ainda o importante papel que tiveram nesse contexto os
companheiros Antônio Bueno e João
Silveira, nossos candidatos à majoritária, que muito bem representaram e levaram nossas
propostas à todos os rincões do
município, apesar das dificuldades de
ordem estrutural e financeira que mais uma vez enfrentamos.
Obtivemos
mais de 16% de aprovação e confiança dos
santiaguenses (traduzidos em 4.723 votos), votação acima de nossa média histórica de disputas locais, e
retomamos a representação parlamentar com a eleição dos companheiros Sérgio
Marion e Iara Castiel, o que prova que tínhamos uma leitura correta do quadro
político municipal quando decidimos pela tática eleitoral de compormos tanto na
majoritária quanto na proporcional, com um perfil de centro-esquerda, mas hegemonizado
pela esquerda.
O
resultado – tanto político quanto eleitoral – deve, portanto, ser saudado com
entusiasmo. Estamos no caminho certo, não
temos dúvida. 2013 começará com um novo cenário político em Santiago, tendo as oposições, à partir da nova composição
da Câmara Municipal (onde houve uma renovação significativa) a maioria numérica em relação aos representantes do governo do PP.
Espera-se dos Edis oposicionistas (PT, PMDB, PDT, PTB e PPL),
além de uma forte fiscalização da administração municipal, a
construção de um debate permanente com a comunidade, denunciando as mazelas dos
que se acham ‘donos do pode’r local e
mostrando que existem alternativas para tornar Santiago uma cidade mais justa,
democrática e igualitária para com os
seus cidadãos.
A Unidade Popular, através dos vereadores Nelson Abreu (PDT) e Miguel Bianchini (PPL), juntamente com os novos vereadores Sérgio Marion e Iara Castiel, ambos do PT, temos convicção, farão a diferença na próxima legislatura. O companheiro Sérgio Marion é militante
há vários anos do Partido, tem forte inserção popular, conseguiu chegar à
Câmara na sua quarta disputa, sempre com respaldo de segmentos sociais
excluídos das políticas públicas locais. A companheira Iara Castiel,
professora, psicóloga e advogada, levará para o parlamento santiaguense, além
de suas muitas e indiscutíveis qualidades intelectuais e experiência militante,
sua formação política de esquerda e experiência de anos na militância partidária, sindical e nos movimentos sociais. Perfis estes que fazem
com que tenhamos uma expectativa alvissareira de termos uma bancada
diferenciada no parlamento local que, sem dúvida, juntamente com o trabalho de
base que o partido deverá retomar, em muito contribuirá para que o PT e a
esquerda retomem
a disputa pela hegemonia na sociedade local e pavimentem o caminho, nestes quatro anos, rumo ao paço municipal em 2016.
Ruben
Bitencourt Finamor
Professor,
dirigente do PT, Coordenador Geral da
Campanha da Unidade Popular por Santiago/RS
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-Foto: da esquerda para a direita: Ruben Finamor, Deputado Federal Paulo Ferreira (PT/RS) e Júlio Garcia - em Santiago/2010).
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