'Ausente do pleito,
não teria oportunidade de destacar e demonstrar os erros, equívocos e
manipulações impostas à comunidade de Santiago, pelo governo midiático do
partido governista. (...)
Outro fato que incomoda a muitos é a postura preconceituosa dispensada aos candidatos de oposição, principalmente se não nasceram em berço de ouro e não são serviçais aos “donos da cidade”. Estes são alvos de toda a sorte de maledicências e demonização - prática covarde e mesquinha recorrente, pois enquanto os seus companheiros-candidatos, embora possuam ficha nada limpa e sejam detentores de extensa folha corrida, são transformados e tratados como se fossem beatos e exemplos de virtudes'.
Por Vulmar Leite*
Mesmo sabendo que era
uma eleição praticamente impossível de vencer, não fugi da minha
responsabilidade de cidadão e de membro de um partido político que se opõe ao
modelo conservador e clientelista de governar Santiago. Sabia, desde o primeiro
momento, que não venceríamos a eleição, não só pela divisão das forças
oposicionistas, mas, principalmente, pela força dos situacionistas. Não é
preciso dizer que o partido da situação, há 16 anos na prefeitura, montou uma
máquina eleitoral imbatível na atual conjuntura política de Santiago.
Os partidos de
oposição silenciaram como instâncias programáticas do contraditório às ações
dos governos municipais nesta última década, mais do que isso, importantes
quadros partidários foram cooptados pelo oficialismo, não só na militância como
também no próprio Legislativo, pela distribuição de benesses, tais como,
estágios remunerados para familiares; contratos em organizações conveniadas
responsáveis por serviços terceirizados; cargos de confiança para parentes;
além da intermediação clientelista de obras e de serviços públicos necessários
à população.
Este conjunto de
ações praticadas pelos últimos governos municipais transformou os partidos de
oposição num aglomerado de pessoas idealistas e indignadas, mas absolutamente
desarticuladas organicamente, e sem a estrutura partidária necessária para se
contraporem com candidaturas competitivas ao executivo municipal.
Nos últimos anos,
mesmo afastado das rotinas de Santiago, por força de missões profissionais e
políticas que exerci no governo estadual, nunca deixei de acompanhar os
desdobramentos da vida comunitária, mesmo mantendo certo distanciamento da
militância partidária local.
No período
pré-eleitoral, já plenamente reintegrado às rotinas do cotidiano do município,
continuei afastado da atividade partidária e predisposto a não mais participar
da vida política, por opção pessoal e por desinteresse da executiva municipal
do PSDB que, em nenhum momento, me convocou para debater questões políticas
locais. Mesmo assim, no encerramento da convenção municipal do partido, fui
compelido a compor, em nome do PSDB, com o PMDB e o PTB, para que houvesse
candidatos ao executivo municipal que representassem estes três tradicionais
partidos oposicionistas, retribuindo ao acordo celebrado em 2008.
Não abandonei, mais
uma vez, os companheiros nas horas difíceis, pois havia sério risco de não
haver candidatura majoritária patrocinada por esses partidos. Senti, na
ocasião, que o dever de militante partidário e de cidadão consciente exigia
minha participação, mesmo que isso pudesse gerar incompreensão e insatisfação
de amigos e de companheiros históricos de caminhada. Falou mais alto o dever
cívico e o compromisso partidário.
Ausente do pleito,
não teria oportunidade de destacar e demonstrar os erros, equívocos e
manipulações impostas à comunidade de Santiago, pelo governo midiático do
partido governista.
Dificilmente a população
iria ter conhecimento pleno de que as obras de asfaltamento no centro foram
feitas de afogadilho, sem a observância de critérios e rigores técnicos que
qualquer obra realizada com dinheiro público deve respeitar. Também não
saberiam que uma consulta médica demora até um mês pra ser atendida e que um
exame complementar pode ultrapassar o prazo de um ano para ser realizado.
Certamente
desconheceriam as relações promíscuas das organizações não governamentais
conveniadas com a prefeitura, que realizam serviços terceirizados, funcionando
como verdadeiros aparelhos partidários, custando o equivalente à metade da
folha de pagamento dos servidores efetivos e constituindo-se numa disfarçada
folha paralela em relação a oficial.
Há muitas outras
questões importantes que conseguimos transmitir ao povo de Santiago e que
estavam acobertadas por certa mídia local, sabidamente caudatária de vultosos
repasses de verbas públicas, pois somente divulgam o que interessa para os
governantes locais, com raras exceções. A mídia impressa, rádios e blogs,
invariavelmente se omitem de publicar manifestações que contrariem a versão dos
fatos proclamados pelos agentes municipais.
Perde a comunidade, porque não há o
contraditório tão necessário para que se consolidem as verdades sobre os
resultados das ações de governo e se constituam em oportunidades para
aperfeiçoamento e correção de rumos da própria administração municipal.
A realidade de
Santiago não é o "mar de rosas" propagandeado pela mídia, muito antes
pelo contrário, há enorme sofrimento da população mais carente que necessita da
proteção do aparato público. O que se vê é um governo municipal divorciado e
insensível aos reclamos dos segmentos mais humildes.
Outro fato que
incomoda a muitos é a postura preconceituosa dispensada aos candidatos de
oposição, principalmente se não nasceram em berço de ouro e não são serviçais
aos “donos da cidade”. Estes são alvos de toda a sorte de maledicências e
demonização - prática covarde e mesquinha recorrente, pois enquanto os seus
companheiros-candidatos, embora possuam ficha nada limpa e sejam detentores de
extensa folha corrida, são transformados e tratados como se fossem beatos e
exemplos de virtudes.
Pretendo continuar
utilizando as redes sociais para fazer o contraponto, propor sugestões e fazer
as críticas necessárias e responsáveis que possam contribuir para o
aperfeiçoamento das políticas públicas.
Aproveito para
cumprimentar os eleitos para o Executivo e Legislativo, desejando felicidade
pessoal e que realizem um bom trabalho para o povo de Santiago.
Da mesma forma,
registro os meus mais sinceros agradecimento a todos os eleitores que confiaram
no nosso nome, e que fique a certeza de que não cessarei minha luta em favor de
uma cidade mais próspera e fraterna.
*Vulmar Silveira Leite (foto) é Engenheiro Agrônomo, ex-prefeito de
Santiago e ex-Secretário de Estado. Concorreu a vice-prefeito na coligação
composta pelo PMDB/PSDB/PTB nestas eleições recém findas, cujo candidato a
prefeito foi Diniz Cogo (PMDB).
Fonte:http://blogdovulmarleite.blogspot.com.br/
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