segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Lasier Martins: Ana Amélia é do “partido da ditadura que prendeu, torturou e matou os trabalhistas”


Lasier: “O partido que está ponteando as pesquisas [o PP, de Ana Amélia], é um partido identificado com a Arena, o partido que apoiou a ditadura militar, que prendeu, torturou, matou os trabalhistas”. (Foto: PDT-RS)


Porto Alegre - Sul 21 - A campanha eleitoral de 2014 promete fortes emoções no Rio Grande do Sul. A decisão tomada pelo PDT em favor da candidatura própria acelera o calendário eleitoral e expõe novas variáveis que indicam uma das campanhas mais acirradas dos últimos anos, certamente muito mais do que a anterior. O chefe da Casa Civil do governo do Estado, Carlos Pestana, anunciou no sábado (7) a abertura de um período de transição no Executivo para a substituição dos nomes do PDT que ocupavam cargos na administração e estão saindo agora em função da decisão tomada pelos trabalhistas de concorrer com uma candidatura própria ao governo do Estado na eleição de 2014.

Segundo afirmou Pestana, com o retorno do governador Tarso Genro da China nesta terça-feira, o governo dará início às substituições e às conversas que poderão definir novas alianças partidárias para a disputa eleitoral do ano que vem. O PC do B é uma das siglas que poderá ganhar mais espaço no governo. A decisão do PDT pela candidatura própria começa a definir com mais nitidez os contornos gerais para 2014.

Embora ainda não tenha oficializado sua candidatura, a tendência é que o governador Tarso Genro dispute a reeleição. Caso se confirme sua candidatura, Tarso tentará vencer um tabu: até hoje, o eleitorado do Rio Grande do Sul não reelegeu nenhum governador (ou governadora). A disputa promete ser muito acirrada e complexa, tendo em vista as diferentes possibilidades de composição misturando os planos federal e estadual. Uma particularidade marcará essa eleição, a saber, a presença de dois pesos pesados oriundos do maior grupo midiático da região Sul: Lasier Martins, candidato ao Senado pelo PDT, e Ana Amélia Lemos, candidata ao governo do Estado pelo PP.

Até aqui as pesquisas apontam Ana Amélia como a principal adversária de Tarso na eleição, mas é preciso esperar as candidaturas do PMDB (provavelmente José Ivo Sartori) e do PDT (Vieira da Cunha) colocarem seu bloco na rua para ter elementos mais consistentes para falar em tendências eleitorais. O PMDB e o PDT dificilmente ficarão contemplando passivamente o suposto favoritismo da senadora do PP para disputar a eleição com o PT. Na convenção de sábado do PDT, Lasier Martins alfinetou a ex-colega de RBS e o partido da senadora:

“Precisamos trabalhar muito a partir de agora, porque os adversários são respeitáveis, mas como disse o Vieira, o partido que está ponteando as pesquisas [o PP, de Ana Amélia], é um partido identificado com a Arena, o partido que apoiou a ditadura militar, que prendeu, torturou, matou os trabalhistas”.

A declaração de Lasier indica que o cenário eleitoral pode trazer momento insólitos e curiosos na campanha.

Outra variável que segue indefinida diz respeito às articulações entre as alianças regionais e as nacionais, visando a eleição para a presidência da República.

O caso do PMDB é um exemplo disso. Em nível nacional, o partido integra o governo Dilma e a tendência é que permaneça com a vice na chapa que vai disputar a reeleição nacional em 2014. Um setor do PMDB gaúcho gostaria de apoiar a candidatura de Aécio Neves (PSDB) ou de Eduardo Campos (PSB), mas essa posição é, no momento, minoritária em nível nacional. O deputado federal, Eliseu Padilha, está entre os peemedebistas que defendem a manutenção do apoio e da participação no governo Dilma.

O PP realizará seu congresso estadual nos dias 11 e 12 de abril de 2014. O partido aposta na forte estrutura que tem no interior do Estado para impulsionar a candidatura de Ana Amélia: ao todo, são 136 prefeitos, 115 vice-prefeitos e 1.168 vereadores. O PP espera contar com o apoio do PSB nesta empreitada e, em troca, emprestaria o palanque de sua candidata para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que deve disputar a eleição nacional. O deputado federal Beto Albuquerque seria, neste caso, o candidato ao Senado. Entre os principais partidos do Estado, esta é, no momento, a única perspectiva de aliança do PP.

Entre os atuais aliados do governo Tarso Genro, a tendência é que PCdoB e PTB apoiem a campanha à reeleição e ganhem mais espaço no governo. No dia 13 de novembro, o PCdoB realizou sua Conferência Estadual que elegeu a deputada federal Manuela D’Ávila presidente do partido no Rio Grande do Sul para os próximos dois anos. Além de eleger a nova direção, o partido aclamou a pré-candidatura de Emília Fernandes ao Senado. Em princípio, Manuela será candidata a uma cadeira na Assembleia Legislativa, mas já há quem cogite seu nome para uma possível dobrada com Tarso na chapa majoritária.

Com as saídas do PSB e do PDT da sua base de apoio, o que implica a possibilidade de perda de maioria na Assembleia Legislativa, o governo Tarso aposta na inauguração de obras e na maior visibilidade de suas políticas nesta reta final e também na manutenção dos bons indicadores da economia gaúcha, que vem crescendo acima da média nacional em 2013.

O PIB gaúcho deverá fechar 2013 em torno de 6%, mais que o dobro do nacional. No segundo trimestre, enquanto a média brasileira apontou um crescimento de 3,3%, a economia gaúcha cresceu mais de 15%. O acumulado no primeiro semestre chegou a 8,9%, de acordo com a Fundação de Economia e Estatística (FEE), índice superior aos 2,6% registrado para o conjunto de regiões do Brasil. O valor exportado do ano alcançou a cifra de US$ 17,5 bilhões, um aumento de 28,6%, o terceiro Estado em exportação. A safra gaúcha bateu recordes este ano e a indústria cresceu 6,1%, o maior crescimento segundo pesquisa do IBGE, enquanto a média brasileira situa-se em 1,6%. (por Marco Weissheimer).

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