Lasier: “O partido que está ponteando as pesquisas [o PP, de Ana Amélia], é um partido identificado com a Arena, o partido que apoiou a ditadura militar, que prendeu, torturou, matou os trabalhistas”. (Foto: PDT-RS)
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Porto Alegre - Sul 21 - A
campanha eleitoral de 2014 promete fortes emoções no Rio Grande do Sul. A
decisão tomada pelo PDT em favor da candidatura própria acelera o calendário
eleitoral e expõe novas variáveis que indicam uma das campanhas mais acirradas
dos últimos anos, certamente muito mais do que a anterior. O chefe da Casa
Civil do governo do Estado, Carlos Pestana, anunciou no sábado (7) a abertura
de um período de transição no Executivo para a substituição dos nomes do PDT
que ocupavam cargos na administração e estão saindo agora em função da decisão
tomada pelos trabalhistas de concorrer com uma candidatura própria ao governo
do Estado na eleição de 2014.
Segundo afirmou Pestana, com
o retorno do governador Tarso Genro da China nesta terça-feira, o governo dará
início às substituições e às conversas que poderão definir novas alianças
partidárias para a disputa eleitoral do ano que vem. O PC do B é uma das siglas
que poderá ganhar mais espaço no governo. A decisão do PDT pela candidatura
própria começa a definir com mais nitidez os contornos gerais para 2014.
Embora ainda não tenha
oficializado sua candidatura, a tendência é que o governador Tarso Genro
dispute a reeleição. Caso se confirme sua candidatura, Tarso tentará vencer um
tabu: até hoje, o eleitorado do Rio Grande do Sul não reelegeu nenhum
governador (ou governadora). A disputa promete ser muito acirrada e complexa,
tendo em vista as diferentes possibilidades de composição misturando os planos
federal e estadual. Uma particularidade marcará essa eleição, a saber, a
presença de dois pesos pesados oriundos do maior grupo midiático da região Sul:
Lasier Martins, candidato ao Senado pelo PDT, e Ana Amélia Lemos, candidata ao
governo do Estado pelo PP.
Até aqui as pesquisas
apontam Ana Amélia como a principal adversária de Tarso na eleição, mas é
preciso esperar as candidaturas do PMDB (provavelmente José Ivo Sartori) e do
PDT (Vieira da Cunha) colocarem seu bloco na rua para ter elementos mais
consistentes para falar em tendências eleitorais. O PMDB e o PDT dificilmente
ficarão contemplando passivamente o suposto favoritismo da senadora do PP para
disputar a eleição com o PT. Na convenção de sábado do PDT, Lasier Martins
alfinetou a ex-colega de RBS e o partido da senadora:
“Precisamos trabalhar muito
a partir de agora, porque os adversários são respeitáveis, mas como disse o
Vieira, o partido que está ponteando as pesquisas [o PP, de Ana Amélia], é um
partido identificado com a Arena, o partido que apoiou a ditadura militar, que
prendeu, torturou, matou os trabalhistas”.
A declaração de Lasier
indica que o cenário eleitoral pode trazer momento insólitos e curiosos na
campanha.
Outra variável que segue
indefinida diz respeito às articulações entre as alianças regionais e as
nacionais, visando a eleição para a presidência da República.
O caso do PMDB é um exemplo
disso. Em nível nacional, o partido integra o governo Dilma e a tendência é que
permaneça com a vice na chapa que vai disputar a reeleição nacional em 2014. Um
setor do PMDB gaúcho gostaria de apoiar a candidatura de Aécio Neves (PSDB) ou
de Eduardo Campos (PSB), mas essa posição é, no momento, minoritária em nível
nacional. O deputado federal, Eliseu Padilha, está entre os peemedebistas que
defendem a manutenção do apoio e da participação no governo Dilma.
O PP realizará seu congresso
estadual nos dias 11 e 12 de abril de 2014. O partido aposta na forte estrutura
que tem no interior do Estado para impulsionar a candidatura de Ana Amélia: ao
todo, são 136 prefeitos, 115 vice-prefeitos e 1.168 vereadores. O PP espera
contar com o apoio do PSB nesta empreitada e, em troca, emprestaria o palanque
de sua candidata para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que deve
disputar a eleição nacional. O deputado federal Beto Albuquerque seria, neste
caso, o candidato ao Senado. Entre os principais partidos do Estado, esta é, no
momento, a única perspectiva de aliança do PP.
Entre os atuais aliados do
governo Tarso Genro, a tendência é que PCdoB e PTB apoiem a campanha à
reeleição e ganhem mais espaço no governo. No dia 13 de novembro, o PCdoB
realizou sua Conferência Estadual que elegeu a deputada federal Manuela D’Ávila
presidente do partido no Rio Grande do Sul para os próximos dois anos. Além de
eleger a nova direção, o partido aclamou a pré-candidatura de Emília Fernandes
ao Senado. Em princípio, Manuela será candidata a uma cadeira na Assembleia
Legislativa, mas já há quem cogite seu nome para uma possível dobrada com Tarso
na chapa majoritária.
Com as saídas do PSB e do
PDT da sua base de apoio, o que implica a possibilidade de perda de maioria na
Assembleia Legislativa, o governo Tarso aposta na inauguração de obras e na
maior visibilidade de suas políticas nesta reta final e também na manutenção
dos bons indicadores da economia gaúcha, que vem crescendo acima da média
nacional em 2013.
O PIB gaúcho deverá fechar
2013 em torno de 6%, mais que o dobro do nacional. No segundo trimestre,
enquanto a média brasileira apontou um crescimento de 3,3%, a economia gaúcha
cresceu mais de 15%. O acumulado no primeiro semestre chegou a 8,9%, de acordo
com a Fundação de Economia e Estatística (FEE), índice superior aos 2,6%
registrado para o conjunto de regiões do Brasil. O valor exportado do ano
alcançou a cifra de US$ 17,5 bilhões, um aumento de 28,6%, o terceiro Estado em
exportação. A safra gaúcha bateu recordes este ano e a indústria cresceu 6,1%,
o maior crescimento segundo pesquisa do IBGE, enquanto a média brasileira
situa-se em 1,6%. (por Marco Weissheimer).
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