Heinze: “É ali (com Gilberto Carvalho) que estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas. Tudo o que não presta ali está aninhado. E eles têm a direção e o comando do governo” |
Por Marco Weissheimer*
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) pode se sentir em casa ao
visitar seu partido no Rio Grande do Sul. Sua visão de mundo tem entusiasmados
parceiros aqui nos Pampas. Sem nenhum tipo de constrangimento. Pelo contrário.
Bolsonaro quer presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Seu colega gaúcho ilustra sem disfarces o que seria essa comissão sob o comando
dessa visão.
“Quando o governo diz: ‘nós queremos crescimento,
desenvolvimento. Tem de ter fumo, tem de ter soja, tem de ter boi, tem de ter
leite, tem de ter tudo, produção’. Ok! Financiamento. Estão cumprimentando os
produtores: R$ 150 bilhões de financiamento. Agora, eu quero dizer para vocês:
o mesmo governo, seu Gilberto Carvalho, também é ministro da presidenta Dilma.
É ali que estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas. Tudo o que não
presta ali está aninhado. E eles têm a direção e o comando do governo”. As
declarações foram feitas pelo deputado federal do PP gaúcho, Luiz Carlos
Heinze, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, durante uma audiência
pública com produtores rurais em Vicente Dutra (RS), no dia 29 de novembro de
2013. O vídeo com o discurso de Heinze foi publicado no blog da Articulação dos
Povos Indígenas do Brasil (ver abaixo).
Além de dizer que índios, gays, lésbicas e quilombolas são
“tudo que não presta”, o deputado do PP sugeriu aos agricultores presentes na
audiência pública que contratassem seguranças armados privados para resolver
seus “problemas com os índios”. Ele citou o caso do Pará como exemplo a ser
seguido:
“O que estão fazendo os produtores do Pará? No Pará, eles
contrataram segurança privada. Ninguém invade no Pará, porque a brigada militar
não lhes dá guarida lá e eles têm de fazer a defesa das suas propriedades”, diz
o parlamentar. “Por isso, pessoal, só tem um jeito: se defendam. Façam a defesa
como o Pará está fazendo. Façam a defesa como o Mato Grosso do Sul está
fazendo. Os índios invadiram uma propriedade. Foram corridos da propriedade.
Isso aconteceu lá”.
Promovida por outro integrante da bancada ruralista, o
deputado federal Vilson Covatti, também do PP gaúcho, a audiência pública teve como tema o conflito
dos produtores rurais da região com os indígenas do povo Kaingang, que vivem na
Terra Indígena Rio dos Índios, de 715 hectares.
Heinze contou com o apoio entusiasmado do deputado Alceu
Moreira, do PMDB gaúcho, que também atacou o secretário geral da Presidência da
República, chamando-o de “chefe dessa vigarice orquestrada”:
“Por que será que de uma hora pra outra tem que demarcar
terras de índios e de quilombolas? O chefe dessa vigarice orquestrada está na
antessala da presidência da República e o nome dele é Gilberto Carvalho. Por
trás dessa baderna, dessa vigarice, está o Cimi, uma organização cristã, que de
cristã não tem nada. Está a serviço da inteligência norteamericana e europeia
para não permitir a expansão das fronteiras agrícolas no Brasil”.
Alceu Moreira diz que os parlamentares não vão incitar a
guerra e, logo em seguida, passa a incitar a guerra:
“Nós, os parlamentares, não vamos incitar a guerra, mas lhes
digo: se fartem de guerreiros e não deixem um vigarista desses dar um passo na
sua propriedade. Nenhum! Nenhum! Usem todo o tipo de rede. Todo mundo tem
telefone. Liguem um para o outro imediatamente. Reúnam verdadeiras multidões e
expulsem do jeito que for necessário. A própria baderna, a desordem, a guerra é
melhor do que a injustiça”.
Luiz Carlos Heinze e Alceu Moreira poderiam pertencer ao
mesmo partido. Não é assim por contingências da política. Mas, na verdade,
pertencem a uma mesma bancada, uma das maiores do país, a bancada ruralista, um
partido informal com muito poder, preconceito e autoritarismo. Vem do berço
político. O DNA golpista e autoritário da antiga Arena aparece em todo seu
esplendor nas manifestações dos deputados em Vicente Dutra.
Essa ideologia truculenta terá como candidata ao governo do
Estado no Rio Grande do Sul, a senadora Ana Amélia Lemos que, se por um lado,
não adota esse discurso odioso publicamente, por outro tampouco o condena. A
julgar pelas manifestações acima, no dia em que o PP e seus aliados governarem
o Rio Grande do Sul, índios, gays, lésbicas, quilombolas e outras categorias
dos que não prestam terão que se mudar de Estado. Neste dia, só ficarão morando
no “Rio Grande” os homens de bem e os que prestam, aqueles que querem “expandir
a fronteira agrícola” e não deixar “nenhum vigarista entrar em suas terras”. E
há quem ache que o fascismo é algo distante de nós.
Quando ainda estava na Assembleia Legislativa, Flavio
Koutzii escreveu um artigo intitulado “A extrema-direita brasileira mora nos Pampas”. O vídeo fornece uma didática ilustração disso. CLIQUE AQUI para assistir. (via Sul21)
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Deputado Valdeci Oliveira repudia declarações: - Vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Valdeci Oliveira (PT) considerou deploráveis as declarações feitas pelos deputados federais Luiz Carlos Heinze (PP) e Alceu Moreira (PMDB) em um vídeo divulgados nas redes sociais nesta quarta (12). No vídeo, gravado durante uma audiência pública promovida pela Comissão de Agricultura da Câmara Federal, os deputados aparecem caluniando indígenas, quilombolas, gays e lésbicas e incitando confrontos agrários. “Os discursos revelam uma incapacidade tremenda de convivência com a democracia e com as minorias. É um atestado de preconceito puro. O mais grave é a incitação evidente à violência no campo”, afirmou o deputado.
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Deputado Valdeci Oliveira repudia declarações: - Vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Valdeci Oliveira (PT) considerou deploráveis as declarações feitas pelos deputados federais Luiz Carlos Heinze (PP) e Alceu Moreira (PMDB) em um vídeo divulgados nas redes sociais nesta quarta (12). No vídeo, gravado durante uma audiência pública promovida pela Comissão de Agricultura da Câmara Federal, os deputados aparecem caluniando indígenas, quilombolas, gays e lésbicas e incitando confrontos agrários. “Os discursos revelam uma incapacidade tremenda de convivência com a democracia e com as minorias. É um atestado de preconceito puro. O mais grave é a incitação evidente à violência no campo”, afirmou o deputado.
Na próxima reunião da Comissão de Cidadania e Direitos
Humanos da Assembleia, Valdeci vai defender que seja apresentada uma moção de
repúdio à atitude dos dois parlamentares federais e que sejam debatidas outras
medidas ainda mais contundentes. “Seja quem for, não se pode sair por aí
incitando conflitos impunemente. É preciso responsabilização”,
complementou. (por Assessoria de Imprensa do deputado estadual Valdeci Oliveira)
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