Raul
Pont critica orçamento impositivo aprovado na Câmara dos Deputados
Deputado
reagiu com indignação, afirmando que esta foi uma das noites mais lamentáveis
do Congresso Nacional e significa um retrocesso político para o país
A
mesma Câmara Federal que vem se recusando, há muito tempo, a votar matérias
importantes para o país, como a reforma tributária ou a reforma política, entre
outras, aprovou o orçamento impositivo das emendas parlamentares, na noite de
terça-feira, em benefício próprio dos 378 deputados que votaram favoravelmente,
ressaltou o deputado Raul Pont (PT/RS), na tarde desta quinta-feira (15), na tribuna da
Assembleia Legislativa: "Foi, certamente, uma das noites mais lamentáveis
deste congresso nacional", afirmou o parlamentar, para quem esta é uma
demonstração de que os congressistas estão de costas para a população e alheios
ao que acontece nas ruas, numa referência às manifestações recentes.
A
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) determina que o governo pague as
emendas individuais dos congressistas ao orçamento da União e que o conjunto de
emendas não poderá ultrapassar 1% da receita corrente líquida do ano anterior,
o que significa que cada deputado ou senador teria direito a indicar, neste
ano, R$ 10,4 milhões em emendas ao orçamento. Isto significaria R$ 6 bilhões do
orçamento público disponíveis para serem distribuídos "sem qualquer
planejamento, sem qualquer necessidade coletiva apontada pela participação da
população, atendendo meramente os anseios da troca de influência, da troca de
favores e do mais abjeto clientelismo na política", criticou Raul Pont.
Antessala
da corrupção
Segundo
ele, a emenda parlamentar "é a antessala da corrupção, ali começam os
primeiros negócios com as empreiteiras, com a prefeitura que vai ser
beneficiada, ali o deputado já é acompanhado de alguma empresa para que se
aproprie melhor dos dados para facilitar a vitória a licitação, e isso se
transforma num clientelismo vergonhoso e uma das piores formas de gastar o
dinheiro público". Se os deputados querem a implantação de um orçamento
impositivo, deviam fazê-lo a partir de um debate aberto com toda a sociedade
sobre a mudança do regime político, acrescentou.
Pont
lembrou que no Brasil o regime político é presidencialista, mas se a Câmara
Federal quer assumir a gestão pública o caminho é o parlamentarismo, e uma
mudança neste sentido precisaria de um plebiscito. Estabelecer o privilégio do
orçamento impositivo, acrescentou, vai perpetuar um processo eleitoral cada vez
mais corrupto e cada vez mais determinado pelo poder econômico. Seria mais
aceitável que os deputados criassem mecanismos de consulta popular, ouvindo os
sindicatos, os conselhos, a sociedade, como forma de intervir no orçamento da
União. "É lamentável que a Câmara
Federal tenha dado mais essa demonstração de total desligamento, total
descomprometimento com o povo brasileiro".
O
deputado lamentou também que parlamentares do seu próprio partido tenham
ajudado a aprovar a PEC, embora a maioria dos 48 votos contrários tenha sido de
deputados do PT, além de 13 abstenções. "É um puro retrocesso, um puro
retorno ao coronelismo, à manipulação do dinheiro público para estabelecer
dependência, e o que é pior, uma dependência que na maioria das vezes vem
acompanhada de corrupção, de tráfico de influência, da perenização de mandatos
com a utilização de dinheiro público", finalizou. A PEC precisa ser votada
mais uma vez na Câmara, em segundo turno, provavelmente na próxima semana,
antes de seguir para o senado.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Bancada do PT na AL/RS - Edição final e grifos deste Blog
CLIQUE AQUI para ver como votaram os deputados federais
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