domingo, 12 de janeiro de 2014

A inflação brasileira é mais “política” do que técnica, diz Sicsú

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Vitor Nuzzi, da Rede Brasil Atual, nos traz uma útil observação do economista João Sicsú, da UFRJ e colaborador de Márcio Pochman no Ipea, durante o Governo Lula.
A questão da inflação, como se tem afirmado aqui, é política (e agora eleitoral), mais do que técnica, isto é, de política econômica.
O fato objetivo é que, mesmo com um abalo econômico mundial que coloca as relações econômicas globais  numa situação de completa desagregação, completamos uma década com uma perda de valor da moeda sempre dentro das expectativas traçadas e que, portanto, oferecemos, dentro destas margens, estabilidade de valores aos agentes produtivos.
Embora eu discorde da ilusão de termos uma inflação extremamente baixa num país de economia imatura, dependente de financiamento público para a indústria e a infraestrutura, com necessidade de grande mobilidade social e com mecanismos de seguridade social, num sentido amplo, necessariamente pesados, ele tem toda a razão em afirmar que ela tem de ser mantida em níveis que não corroam o próprio processo de distribuição de renda em curso.
E mais ainda em dizer que a elevação da taxa de juros pouco ou nada influi na trajetória da inflação brasileira, que tem um forte componente especulativo (ruim) e um outro – ao contrário, muito bom – derivado da elevação do preço do trabalho que é, afinal, o valor que se dá ao ser humano e sua atividade.
Os cultores da mítica “inflação zero” não dizem, mas só é possível aproximar-se dela renunciando aos investimentos no desenvolvimento nacional, às políticas sociais de dignificação dos seres humanos e do arrocho dos salários dos mais humildes.
O que se resume, amargamente, numa irônica frase de Millor Fernandes:  ”pobre é muito mais barato”.

Debate sobre inflação é mais político que técnico, diz ex-diretor do Ipea

Não temos uma inflação alta, temos uma inflação moderada e controlada”, diz o professor João Sicsú, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e ex-diretor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para ele, hoje há uma discussão “mais política do que técnica” em torno do tema. Ele lembra que o país está completando uma década de inflação dentro da meta, que vai até 6,5%. “Mas temos de buscar uma inflação cada vez menor, porque é um elemento que dificulta a distribuição de renda”, observa.
Nesse sentido, Sicsú afirma que não adianta aumentar os juros como forma de reduzir a inflação. “Acho que cabe, mais que ao Copom (Comitê de Política Monetária), cabe ao governo, elaborar elementos mais sofisticados do que os juros para o combate à inflação. A taxa de juros tem custo fiscal e de desaceleração do crescimento. É o samba de uma nota só. Inflação deve ser tratada com inteligência. É preciso buscar a causa e atacá-la.”
Nos últimos anos, o economista e pesquisador lembra que o custo de vida vem sendo pressionado, basicamente, pelos itens ligados ao grupo de Alimentação e Bebidas – que subiu 9,86% em 2012 e 8,48% em 2013, respondendo respectivamente por 38% e 34% do IPCA. “Isso vem de causas climáticas, de especulação no mercado internacional de commodities. A taxa de juros não é capaz de conter essa inflação. Não terá nenhum impacto sobre o tomate ou o trigo”, diz Sicsú.
Outro item de pressão é o custo com serviço doméstico, com influência do salário mínimo. “Mas o salário mínimo tem cumprido um papel muito mais positivo, em termos de distribuição de renda, do que a inflação que provoca em algum nível.”
Também se reflete um momento de transição pelo qual o país passa. “Há uma mudança estrutural no Brasil, que era um país estagnado e entrou na rota do desenvolvimento. Estamos sofrendo esse tipo de pressão inflacionária, estamos nessa transição, que traz variação maior de preços em serviços”, lembra o economista, citando casos como manicure, pedreiro e porteiros de prédio. E o período é de desemprego em nível baixo e renda em alta. “Todo país que melhora seu nível de renda tende a ter serviços mais caros.”
Para o problema atual, mais concentrado nos preços dos alimentos, ele sugere mudanças fiscais e controle de estoques. “Isso requer muito investimento do governo e muita inteligência”, observa Sicsú, para quem se deve dar mais atenção a variações “exageradas” nos preços dos alimentos. “O caso do tomate é emblemático. Custou 13 reais e custou 99 centavos. É preciso diminuir essas oscilações bruscas.”
 *Por Fernando Brito - Via Tijolaço http://tijolaco.com.br

2 comentários:

  1. Júlio, estes gráficos estão equivocados.
    Os corretos estão no blog do professor Hariovaldo, repercutindo os que foram bem montados e mostrados nos noticiários da globo.

    http://www.hariovaldo.com.br/site/2014/01/13/governo-tenta-manipular-indice-da-inflacao-mas-e-desmacarado/


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  2. Boa essa, amigo Weimar!!
    Olha, brincadeira de lado, tem muita gente por aqui no Boqueirão, nas 'capitais' e nos brasis afora ... que pensam isso (claro, a culpa não é só deles, o PIG desinforma sempre... afinal, esse é seu papel). Mas o governo Dilma segue dando de relho' nelles!!!

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