As Asnices das Meninas Tucanas do Jô
Por Rômulo Vargas*
Para começo de conversa, adianto que –
e quem já assistiu a algum dos Programas
do Jô, da Rede Globo, em que as
“meninas” fizeram um de seus fatídicos comentários sobre a política brasileira
e mundial há de concordar comigo - de ‘meninas’
é que elas não tem é nada.
Pois bem: apelidadas pela mídia progressista
de “Meninas Tucanas do Jô”, as quatro se
revezam e, por vezes, se atropelam, na sua mesa redonda semanal. Mas neste outubro, mês das bruxas (e não
poderia ser diferente, afinal é o mês em que as quatro comentaristas mais se
identificam), elas começaram com mais uma pérola. Insinuaram, sempre junto do
próprio Jô Soares, que o Rede Sustentabilidade da ex-ministra Marina Silva pode
ser com parado ao Partido dos Trabalhadores. Insistiram que assim como o PT, o
REDE também não era um partido destes criados em Brasília, ou dentro de
gabinetes.
Ora, mas é claro que o PT não foi
criado dentro dos Gabinetes, e muito menos na capital federal. O PT é até hoje
um partido que destoa dos demais, pela forma em que foi criado no final de
década de 1970. Foi um partido discutido nos chãos de fabricas, nos sindicatos,
nas universidades, trabalhado na clandestinidade. O PT é fruto da união de
vários grupos resistentes que se rebelaram contra a opressão vigente durante a
ditadura militar, fragmentos de organizações que não encontraram então outro caminho senão
o da luta armada, outras correntes de esquerda que resistiram buscando organizar e conscientizar a classe operária e estudantil,
mas também, clérigos e leigos católicos, artistas, estudantes e intelectuais, mas em sua grande maioria jovens trabalhadores
e operários que buscavam caminhos concretos para enfrentar o sistema opressor e buscar uma
nova alternativa para o país.
O PT nasceu como uma estrela de luta,
uma estrela do povo. O PT nasceu do próprio povo! Para não ser senão um partido
socialista, democrático e de massas. O Partido dos Trabalhadores trazia consigo
a esperança de todo um povo sofrido e injustiçado. E ai, não tem comparação, prezadas meninas
tucanas do Jô.
Diferentemente do PT, a Rede tenta
surgir, na busca incessante de parlamentares na disputa do tão cobiçado tempo
de televisão. Diferentemente do Partido dos Trabalhadores, a Rede da
ex-senadora Marina, que também já foi petista, traz consigo o estigma de um
partido conservador e que se apoia em três eixos principais: o discurso
ambientalista/sustentável, a religião evangélica e setores elitistas da ‘classe
média’ e da burguesia que não vê mais competitividade no PSDB.
Convenhamos: a Rede teve que se
abraçar a Marco Feliciano pra poder trazer o apoio dos mais retrógrados e
conservadores pentecostais. O novo partido de Marina já mostrou que não tem
lado, que não valoriza a ideologia, que contesta bandeiras eternas da esquerda,
como a valorização da mulher (que vai de encontro com a analise fundamentalista
da bíblia), a legalização do aborto, a valorização da cultura negra e o direito
a homo afetividade, só para dar alguns exemplos.
É um erro afirmar que o partido da
Rede - apesar da derrota que teve esta
semana no TSE (aliás, o único foto favorável ao registro que teve a Rede foi do ministro Gilmar Mendes, alguma surpresa?!) - não esta sendo criado, também, dentro de Brasília e de
gabinetes. Pois é lá que a ex-ministra tenta incansavelmente os apoios de
parlamentares para tempo de televisão. Mas é claro que não é só de
parlamentares e políticos que esta se tentando fazer a Rede, é também do grande
público evangélico que existe atualmente no Brasil. E diferentemente da
fundação do PT , a ex-senadora e ex-PT e ex-PV, busca o apoio de bancos e
grandes empreiteiras para poder financiar o seu sonho particular de concorrer
novamente ao Planalto.
Por estas e outras razões não há nenhuma possibilidade, Meninas Tucanas do Jô, que - mesmo forçando a barra como vocês fizeram - permita comparar a (tentativa) de criação da Rede com a fundação
do maior e mais autêntico partido de esquerda da América Latina, o Partido dos Trabalhadores.
*Rômulo Vargas Neto é santiaguense. Integra o DM do
PT/Santiago. Trabalha como Assessor Parlamentar
Parabéns ao articulista pelo ótimo artigo. Realmente, há uma abissal diferença entre a gestação do Partido dos Trabalhadores e de todas as outras siglas. É pacífico que enquanto um veio para congregar os ideais dos trabalhadores assalariados, pequenos empresários e profissionais liberais, os outros destinam-se aos grandes grupos do capital. O problema maior é a nossa inexistente consciência de classe. Muitos trabalhadores e profissionais liberais, inteiramente domesticados e alienados pela mídia dominante e por seus tentáculos de alienação e de produzir imbecis, pensam e agem de acordo com o pensamento da elite dominante. Não têm consciência da sua força e do seu poder transformador. Digamos que, grosso modo, a classe dominada constitua 90% da população e, numa hipótese bastante improvável, reste 10% para a chamada elite. Claro está que a estratégia desta minoria é fazer com que a imensa maioria sinta-se inclusa e se ache parte da elite, sem efetivamente sê-lo. Como costuma dizer o Mino Carta, o Brasil é o único país no mundo em que jornalista assalariado chama o patrão de colega.
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