Futilidades, autoritarismo e 'saudosismo ditatorial' na nossa Câmara de Vereadores
Por Rômulo Vargas*
A mim já não estarrece algumas
baboseiras que se ouve nas sessões da Câmara de Vereadores de Santiago, nas segundas-feiras. Claro, - raríssimas - exceções, sempre existem, até para justificar a regra. Mas o que se vê, no geral, é vereador que relata todas suas idas a rodeios, outro que só concede votos congratulatórios; outro que diz que 'audiência pública
é pro povo ouvir e não pra participar'... E tem aqueles que ainda não se decidiram
se são 'oposição' ou 'situação'. Bom, para mim estes podem possuir outra definição –
e não a de serem chamados de legisladores de centro – mas sim de “puxa-sacos”.
Em relação ao Legislativo Municipal, destaco ainda o absurdo que é o seu regimento interno: ultrapassado,
antidemocrático e autoritário. E a culpa disso, senhoras e senhores, pode e deve ser endereçada não somente aos
últimos presidentes desse poder constituído, mas às bancadas majoritárias que vêm se sucedendo, ou seja, aos vereadores do PP e aqueles que os secundam em suas decisões. Então, em relação às ações do presidente, algumas vezes chega a beirar o
ridículo o que o mesmo faz com o “poder” que julga ter, usando rotineiramente de 'dois
pesos e duas medidas' para cassar a palavra do Edil cujo discurso não lhe cai nas graças ... e deixando outros falarem à vontade quando o assunto, ao seu juízo, é legal - ou lhe é conveniente. Sem falarmos no tradicional “momento do Cid Moreira” em toda 'bendita sessão', ignorando que vivemos em um Estado Laico. Absurdos sobre absurdos. Até quando?
Mas o que me fez debruçar (tarefa árdua, mas necessária!) sobre as ultimas sessões da Câmara Santiaguense, que ouvi pela
internet, foi um fato em si, ou melhor, uma frase em si. Um vereador vai a
tribuna dizer a seguinte imbecilidade: “Quero
que o Exército volte a governar, só assim poderemos acabar com a
anarquia". Opa! Mas onde pensas que andas, sr. vereador? E em que século estás?! Acho que o sr. perdeu-se no tempo ... e nas sombras de um passado do qual só pode-se lamentar... E aí ainda me vem
um certo veiculo de imprensa escrita (chapa branca local carimbado) e diz que esta é a frase que 'o PT odeia
ouvir' (o chamamento ao retorno dos milicos). Eu me pré-disponho a corrigi-lo: Essa é a frase que agride a cidadania - que não é desmemoriada - e que os democratas, sim, odeiam ouvir!
Pois, convenhamos: os avanços sociais, políticos e econômicos,
as conquistas individuais e coletivas caem por terra ao ouvirmos um parlamentar
regurgitar frases como essa. A liberdade de expressão, o direito ao
contraditório, à greve, às manifestações pacíficas só existe porque pôs-se fim a
truculência e obscurantismo vivenciados durante o período da ditadura militar, de triste memória.
É incrível como a democracia incomoda a alguns - e, pasmem, até alguns que detém mandato popular. Por certo alguns desses, nas décadas de 60 a 80, período maior da resistência democrática, não estavam lutando pela liberdade e
pelos direitos da cidadania.
Alguém já falou - e eu concordo integralmente - que 'a pior das democracias é melhor que a melhor das ditaduras'. Mas parece que em algumas cabeças bitoladas (e até detentoras de mandato!) isso não entra - nem com as repetitivas e já tristemente folclóricas rezas do início das sessões da Câmara de Vereadores da 'cidade educadora'.
*Rômulo Vargas Neto (foto), santiaguense, é assessor parlamentar.
Júlio, faço eco às palavras do missivista para estranhar o fato de um "representante" popular, vivandeiro e viúvo da ditadura vir à público derramar lágrimas de crocodilo pela volta dos militares. Certamente é da mesma turma que idolatra um 'salvador da pátria', um Collor, um Joaquim, um Hitler, um Mussolini. Desconhece o apedeuta, em seus devaneios que milhões de pessoas, a imensa maioria da população, navegam em sentido contrário. No sentido da estabilidade social e política, algo que foi conquistado às duras penas, com a sacrifício pessoal e não raro com a própria vida. Este tipo de pessoa, é claro, sempre esteve e sempre estará do outro lado. Do lado das suas próprias conveniências pessoais. Não é um equivocado, simplesmente. Também não apenas um mal-formado, um desconhecedor da História. É, acima de tudo, um mal intencionado que, num regime democrático, deve ser varrido para o seu devido lugar, os sujos porões do analfabetismo político.
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